Se ainda restavam dúvidas, o Estoril respondeu-lhes neste sábado, com uma demonstração de coesão e solidez frente a um adversário que é teoricamente do seu campeonato.  Teve qualidade, no grande golo de João Pedro Galvão que decidiu o jogo, e teve organização. Foi preciso cerrar fileiras para segurar a vantagem no marcador e a desvantagem em campo, frente ao Marítimo, e foi isso que eles fizeram. Ganharam 1-0, consolidaram a quarta posição e atrasaram um ainda candidato à Europa. A equipa de Marco Silva, que tem encontrado soluções perante várias baixas e saídas no plantel, também sabe vestir várias caras em campo. O quarto lugar é cada vez mais deles, não vacilam. Estão mais perto do terceiro lugar, por agora do FC Porto, do que de quem vem atrás. Assenta-lhes bem.

As duas equipas chegavam aqui separadas por nove pontos, o Estoril sozinho no quarto lugar e o Marítimo em recuperação, vindo de uma vitória moralizadora frente ao V. Guimarães, outro europeu em potência. Os madeirenses andam a correr atrás do tempo para tentar chegar ainda a um lugar europeu mas, com um homem a mais durante 50 minutos, não conseguiram mais. Foi mérito do Estoril e foi falta de competência do Marítimo, da combinação de ambas se fez o jogo.

Marco Silva não tinha Evandro e optou por recorrer a Babanco, sem mexer muito de resto na estrutura da equipa. Pedro Martins manteve mesmo o onze, repetindo a equipa que jogou de início frente ao V. Guimarães.

O jogo começou intenso, sem domínio claro de uma das equipas. Mais frio o Estoril, a deixar o adversário pegar na bola e a aproveitar para subir rápido e tentar desequilibrar quando a recuperava. Assim foi.

Havia 13 minutos quando o Estoril marcou. Passe de Gonçalo Santos e um grande movimento de João Pedro Galvão, para um belo golo. Chapéu a Salin, João Diogo ainda tentou tirá-la sobre a linha, mas não dava.

O Marítimo reagia, saía a jogar, conseguia recuperar bolas e subir no terreno, mas falhava na altura de construir lá na frente, nas combinações entre os homens mais adiantados. A primeira parte foi correndo neste tom, sem oportunidades gritantes de um lado e do outro.

Aos 39 minutos, um lance que condicionou o resto do jogo. Ruben Fernandes entrou sobre Danilo Pereira, num lance na área, e viu vermelho direto. Muitos protestos do lado do Estoril, condenado a jogar 50 minutos com menos um.

Em vantagem, o Marítimo ainda ameaçou antes do intervalo, num cruzamento de João Diogo em que Weeks se antecipou a Danilo Dias e cabeceou, para defesa de Vagner. Sem notícias.

Na segunda parte Marco Silva tirou o ponta de lança Bruno Lopes para recompor a defesa com Bruno Miguel, Balboa passou para o centro do ataque e o Estoril cerrou fileiras cá atrás, enquanto o Marítimo pegou na bola, a tentar explorar a vantagem.

Pedro Martins também tinha feito entrar Ruben Brigido para o lugar de Weeks, mas ao fim de um quarto de hora sentiu que precisava de algo mais do que ter muita bola e não ter oportunidades que correspondessem a esse domínio. Por isso fez entrar Fidelis, tirando Nuno Rocha.

Pelo meio tinha havido uma oportunidade de Danilo Pereira, num cabeceamento, e pouco mais. Do lado do Estoril, concentração defensiva, muito raramente uma subida de João Pedro Galvão, uma combinação de Babanco com Balboa.

Pedro Martins, já se viu, tentou várias soluções. Mas não foi por elas que o Marítimo fez a diferença.

Com o aproximar do final do jogo o Estoril até se permitiu crescer um pouco mais. Marco Silva fez entrar Carlitos a 20 minutos do final e a equipa recuperou alguma dinâmica. Aliás, logo depois de entrar o extremo teve o golo nos pés. Isolou-se, correu e acabou por rematar fraco. Mas foi talvez a grande oportunidade da segunda parte, o que dá a medida da inoperância do Marítimo na frente.