Dos 269 jogos disputados nas competições da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), apenas 16,7 por cento decorreram sem policiamento, desde a entrada em vigor da legislação sobre policiamento em eventos desportivos, em 09 de novembro de 2012.

Desde essa data, já foram disputados 80 jogos da I Liga (10 jornadas), 165 da II Liga (15 jornadas) e 24 da Taça da Liga (três jornadas), mas os clubes só abdicaram de policiamento em 45 encontros, respetivamente, 15 na I Liga, 24 na II Liga e seis na Taça da Liga.

Ainda segundo os números oficiais da LPFP, na totalidade dos jogos sem policiamento estiveram cerca de 200.000 espetadores, tendo o FC Porto um forte contributo, com as receções a Paços de Ferreira (22.703), Gil Vicente (24.202) e Olhanense (26.809), para a I Liga, e Vitória de Setúbal (12.808), para a Taça da Liga.

Além dos dragões, igualmente no campeonato principal, também os minhotos Sporting de Braga (quatro) e Vitória de Guimarães (três), sempre com afluências acima dos 7.000 espetadores, já foram anfitriões de jogos sem policiamento, tal como Gil Vicente (dois), Marítimo (um) e Moreirense (dois), enquanto Nacional, Académica e Olhanense também já o fizeram na Taça da Liga.

Na II Liga, mais clubes assumiram segurança dos seus encontros como anfitriões, casos do Sporting de Braga B (oito), Vitória de Guimarães B (seis), Portimonense (seis), FC Porto (três), Marítimo B (um) e Belenenses (dois).

Em 09 de novembro de 2012 entrou em vigor o decreto-lei 216/2012, que pôs fim à obrigatoriedade de policiamento nos recintos desportivos, mas que considera que num jogo de risco normal deve estar presente um elemento policial por cada 500 ou 600 espetadores, ao passo que para os de risco elevado está estipulado que esteja um agente por cada 200.

O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), Paulo Rodrigues, disse à agência Lusa que são vários os jogos que antes da entrada em vigor da atual lei tinham policiamento e agora não têm.

Para o presidente do sindicato mais representativo da PSP um dos motivos apontados pelos clubes para não pedirem policiamento é a falta de verbas.

«O argumento de alguns clubes é que têm dificuldades financeiras. Por isso preferem contratar stewards (vigilantes de recintos desportivos), que ficam mais baratos», afirmou, sublinhando que este tipo de vigilantes «não têm mecanismos para tomar conta das ocorrências e repor a ordem pública».

Paulo Rodrigues adiantou que, em muitos dos jogos, são os próprios árbitros a exigir a presença de polícias.

Criticando a atual legislação, o presidente da ASPP disse ainda que os clubes de futebol não têm capacidades para avaliar o risco de um jogo, uma vez que não têm especialistas em segurança.

A LPFP tem defendido a manutenção do policiamento nos jogos das competições profissionais.