O seleccionador nacional, Carlos Queiroz, reagiu às declarações do secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, sobre o processo que levou à pena de seis meses de suspensão aplicada ao técnico, pela Associação de Antidopagem Portuguesa (ADoP). Queiroz ataca e diz que «se havia alguma dúvida que o sec. de Estado se tinha imiscuído no processo, essas dúvidas ficaram dissipadas».

O seleccionador começou por lembrar, à porta do escritório do advogado que o representa, que «segundo a Lei portuguesa, esta prevê que o tribunal que deve ser de recurso é na suíça, é o TAS (Tribunal Arbitral do Desporto)», ou seja, tem de «dizer-se que o processo não está concluído, logo, a ADoP não pode dizer que terminou a sua intervenção», uma vez que o técnico vai recorrer para aquela entidade jurídica.

Depois, o treinador virou o foco para as palavras de Laurentino Dias. «O que é novo nesta intervenção é que, se havia alguma dúvida que o secretário de estado se tinha imiscuído no processo, essas dúvidas ficaram dissipadas, pelas considerações que fez, em que concordou com partes do processo e discordando de outras, concordando com a decisão da ADoP, o que me parece surpreendente», considerou Carlos Queiroz.

«Ninguém pode compreender como secretário de Estado fez várias considerações e, no final, diz que apoia e concorda, sabendo que o processo ainda não terminou», continuou o seleccionador nacional. «No final, quando o recurso tiver terminado, cá estarei para assumir as minhas responsabilidades e espero que o secretário de Estado assuma as suas, se a decisão do TAS não for igual àquela que apoia», argumentou Carlos Queiroz.

O técnico crê ainda que «não ficaram dúvidas sobre a intervenção do secretário de Estado, directa ou indirecta, sobre aquilo que é a gestão de uma federação» e vai mais longe: «Ficou claro que houve uma ingerência no modo como a direcção da federação deve gerir os seus destinos.»

O seleccionador sublinhou ainda que «a justiça que o castigou com seis meses de suspensão «é constituída por médicos», enquanto no Conselho de Disciplina da Federação, que o ilibou, «são juristas respeitados e independentes».

Questionado pelos jornalistas sobre se acredita que o Governo não o quer como seleccionador, Carlos Queiroz apenas disse que não respondia «a esse tipo de perguntas» e apelou ao apoio à equipa portuguesa, uma vez que o timing pelo qual se rege «é o da Selecção Nacional e não o da presença da FIFA em Portugal».