Carlos Queiroz qualificou pela terceira vez uma seleção para um Mundial. Foi a vez do Irão, e teve de ganhar na sempre complicada Coreia do Sul para poder festejar o feito. Na chegada a Lisboa, o treinador português não escondeu a satisfação pelo dever cumprido.

«Estou felicíssimo, foi muito difícil. Foi uma qualificação muito complicada, aliás como quase todas as seleções, mas graças a Deus chegámos ao fim em primeiro. É o que mais importa, como se acaba e não como se começa. Por outro lado, fico ainda feliz pela reação de felicidade de milhões de iranianos, que esperavam esta possibilidade. Para nós, já não sei se é felicidade ou alívio. Quando chegamos ao fim, a sensação de alívio é maior, mas estou muito muito satisfeito com o que aconteceu», disse o técnico.

Será que os iranianos já veem o treinador luso como um herói, um ídolo, por poderem estar no Brasil? «Quando as coisas correm bem, passa-se em todo o lado, ficamos melhor. O futebol pertence ao povo e quando o povo está contente, quando os adeptos estão contentes, nós podemos estar contentes . Por todo lado, o que foi mais significativo foi o sentimento de reconhecimento e a utilização da palavra obrigado, que não é muito comum ouvir-se em futebol.»

O país inteiro saiu à rua em festa. E a equipa teve honras de receção presidencial, no regresso a Teerão. «Depois da qualificação, todas as cidades saíram à rua e houve milhares de pessoas a festejar até às cinco da manhã. No outro dia, no aeroporto, a receção foi fantástica. Depois fomos para o estádio e nestas coisas ainda as entidades oficiais têm sempre uma palavra a dizer e fomos convidados não só pelo atual líder Mahmoud Ahmadinejad, mas também pelo futuro presidente. Foi bom, agora é um momento de celebrar e começar a trabalhar.»

Queiroz sente que contribuiu para a subida do estatuto do treinador português no mundo. «Estamos a viver tempos conturbados em todas as partes do mundo, mas nesta altura temos a possibilidade de ter três treinadores portugueses a qualificar três seleções para o Campeonato do Mundo, que são o caso de Portugal, Grécia e o que aconteceu comigo. Não tem impacto só para nós. É bom porque somos as primeiras pessoas que podem beneficiar destes sucessos, mas isto tem implicações importantes para o futebol português. São mais oportunidades para treinadores portugueses, é a convicção de que os treinadores portugueses podem servir a clubes e a outras seleções em diferentes partes do mundo, são portas que se abrem para treinadores e jogadores. Não é só uma perspetiva sentimental que está aqui em jogo, é também uma visão histórica e cultural em que a afirmação da seleção portuguesa e a presença do Fernando [Santos] com a Grécia no Brasil são um passo em frente de oportunidades para o futebol português. Temos de estar todos juntos e acreditar que isso vai acontecer», explicou.