Carlos Queiroz manifestou-se satisfeito com a decisão do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) de aceitar o efeito suspensivo do castigo de seis meses aplicado pela ADoP e aponta agora todas as baterias ao secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, que responsabiliza por todo o processo que levou à sua saída da selecção nacional.

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«É uma reacção que me dá alento, confiança e esperança para que no final possa ser definitivamente esclarecida e feita justiça. A acusação leitmotiv do secretário de Estado foi haver indícios de factos graves, de eu ter cometido uma infracção ao nível do controlo antidoping, que não existiram», começou por destacar o antigo seleccionador em declarações à TVI.

Carlos Queiroz quer levar agora o processo até às últimas consequências e volta a apontar o dedo a Laurentino Dias. «Todos sabem que no futebol, na política talvez não, dois mais dois são quatro e volto a frisar aqueles que são os factos. No dia 14 de Julho a direcção da federação fez uma declaração pública de absoluta confiança no seleccionador nacional e na sua continuidade. E depois da intervenção, acusação e linchamento público de que fui alvo por um membro do Governo, a verdade é que no final acabei por perder o meu cargo de seleccionador nacional, perder o direito ao trabalho. Sugaram-me não só o sangue, mas também a honra e a dignidade com todas as formas menos correctas que me levaram a esta situação», prosseguiu.

O antigo seleccionador mostra-se especialmente indignado pelo facto de não ter sido ouvido no decorrer do processo. «O senhor Laurentino Dias pode mandar-me prender, pode mandar-me crucificar e assar na fogueira, mas não vou parar de lhe perguntar até ao último dia da minha vida porque é que não tive o direito de me defender e ser ouvido num inquérito disciplinar ou o que quer que seja levantado pelos seus serviços. Porque é que não pude ser ouvido no processo de inquirição que foi levantado pela autoridade pública desportiva que é dirigida pelo senhor secretário de Estado», perguntou com insistência.

Carlos Queiroz volta a clamar pela sua inocência e diz que agiu sempre em defesa da selecção nacional. «É uma história de mercadores com vários Judas e Pôncios Pilatos e é uma história em que no final aparecem os soldados romanos para crucificar aquele que em determinado dia no templo perdeu a paciência com os mercadores na defesa exclusiva dos interesses da selecção e dos seus jogadores que era a responsabilidade primeira deste homem», acrescentou.

O Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) aceitou o pedido de efeito suspensivo do processo interposto por Carlos Queiroz a contestar o castigo de seis meses imposto pela ADoP. Na prática significa que o técnico pode voltar ao activo durante este período, mas o processo continua pendente e será retomado em Novembro.