Nélson Oliveira atravessa o melhor momento da sua curta carreira e apresenta-se como a sensação da Ligue 1. No sábado, o avançado português festejou novamente.  «Quero que este seja o meu ano de afirmação. Para já, está tudo a correr bem», diz o jogador de 22 anos em entrevista à  Maisfutebol Total .

O avançado cedido pelo Benfica já bateu o seu recorde de golos no futebol sénior. Sete em onze partidas. Apenas Edinson Cavani (PSG, 9 golos) e Radamel Falcao (Mónaco, 8) estavam à sua frente antes dos compromissos deste domingo. Entretanto, o experiente Dario Cvitanich (Nice, 8) picou o ponto e tirou Nélson Oliveira do pódio.

Philipe Montanier foi o grande responsável pela transferência do português para o Rennes. O treinador passou dois anos em Espanha, ao serviço da Real Sociedad, e decidiu apostar no potencial do jogador que viveu um ano agridoce na Corunha.

«Ele foi muito importante, posso dizer que foi crucial para a minha mudança para França. Grande parte do que estou a fazer aqui, devo-o a ele. Tem-me ajudado em tudo o que preciso. Estou-lhe muito grato», admite o avançado.

Nélson Oliveira terá atingido o ponto de equilíbrio desejado? O próprio técnico considera que não, que ele ainda pode crescer. Frente ao Marselha, marcou um golo, atirou de calcanhar ao poste e falhou um castigo máximo.

«Ele tem perdas de bola que penalizam o rendimento ofensivo da equipa. Mas ainda é novo», lembrou Montanier, após o jogo de sábado. «Sou um jovem, tenho 22 anos e bastantes aspectos a melhorar. Ele fala comigo, preocupa-se em fazer com que eu melhore, em que corrija o que faço menos bem. Todos os jogadores devem ter humildade para aceitar isso», frisa o português.

O sucesso no Mundial sub-20

Em 2010, ainda como júnior, Nélson Oliveira fez a sua estreia na Liga Portuguesa. O Benfica cedeu o avançado ao Rio Ave e este iniciou o processo de crescimento. Dez jogos na prova, zero golos.

Paços de Ferreira foi o próximo destino. Participaria em 23 jogos na Liga, festejando por quatro vezes. Também aqui, há memória de uma fação de adeptos que reprovava o alegado individualismo do jogador.

«Joguei pelo Rio Ave e pelo Paços quando ainda era muito jovem. Estava a vir do futebol júnior e tive de me adaptar. Ainda assim, fiz muitos jogos no Paços de Ferreira e marquei quatro ou cinco golos», recorda Nélson Oliveira.

O avançado explode no Campeonato do Mundo de sub-20. Termina a prova com quatro golos, um deles de plena força e inspiração na final perdida para o Brasil. Desperta a cobiça dos observadores e merece uma oportunidade na equipa principal do Benfica.

Jorge Jesus faz uma aposta firme, Nélson Oliveira é utilizado em 22 jogos e marca três golos. Dois na Taça da Liga, um na Liga dos Campeões. Aquele momento frente ao Zenit ficou para a história do avançado.

«No Benfica é sempre bastante complicado jogar, a concorrência é muito forte. Não era fácil jogar com muita regularidade. Mesmo assim, tentei aproveitar as oportunidade e cheguei a marcar na Liga dos Campeões. Aprendi bastante com o mister e os meus companheiros», considera.


«Não fui bem tratado na passagem pela Corunha»

Nélson Oliveira queria sair para crescer. O Benfica optou pela mesma solução. Faz-se à estrada em direção ao Deportivo da Corunha. Uma aposta falhada.

O avançado participa em trinta jogos na Liga espanhola mas em apenas dois como titular. Marca quatro golos. «Não fui bem tratado na minha passagem por lá. É um caso à parte.»

«Contava que o ano que passou fosse de minha afirmação mas isso não aconteceu, por vários factores que prefiro nem abordar. Agora, tenho a oportunidade de fazer o que sei», frisa o jogador de 22 anos.

Em maio de 2013, mandou calar os adeptos do Deportivo depois de marcar um golo. Arrependeu-se mas deixou o recado. «Nada justifica o que fiz», começou por dizer, acrescentando na altura: «Fiz apenas dois jogos como titular, de resto entrei para jogar dez minutos e não me podem assobiar por isso, não sou o super-homem para marcar três golos em dez minutos.»

«O Nélson vai ser um grande jogador. Não sei dizer quando, mas vai sê-lo. É inteligente, mas tinha um problema de maturidade. Não sabia ser suplente», afirmou o técnico Fernando Vásquez, na reta final da temporada.

«Seria um sonho estar no Mundial do Brasil»

Tudo mudou com a aposta no futebol francês. Com sete golos em onze jogos, Nélson Oliveira convenceu os adeptos do Rennes e a generalidade da crítica. Ainda comete erros, promete humildade para crescer e aperta a perseguição a Cavani, Falcao e Cvitanich.

«É um bom momento, as coisas estão a correr bem mas tenho de continuar a trabalhar, ainda estamos no início. Não penso em andar atrás do Cavani ou do Falcão, sei que o meu objetivo é fazer golos mas sobretudo para ajudar a equipa. Se ela vencer e eu marcar, melhor, mas não vivo obcecado com isso», garante o jogador.

Paulo Bento aplaude o bom momento de Nélson Oliveira e deverá chamar o avançado para o play-off de acesso ao Mundial. «Vou continuar a trabalhar para ser chamado, é esse o desejo de todos os jogadores portugueses. É natural que queira estar no Campeonato do Mundo e vou dar tudo para isso. Seria um sonho estar no Mundial do Brasil», remata Nélson Oliveira, em entrevista à Maisfutebol Total.