Paolo Di Canio ainda não fez 24 horas como treinador do Sunderland, mas a sua nomeação já está envolta em polémica. Mal o nome do ex-jogador italiano foi anunciador, o vice-presidente do Sunderland, David Miliband apresentou a demissão devido às convicções de extrema-direita do novo técnico.

E Di Canio também já recebeu um aviso de Piara Powar, diretor da Football Against Racism in Europe (FARE), para que evite manifestações fascistas ou racistas.

«Quando existe um aumento de intolerância e há um treinador na Premier League, a liga mais vista mundialmente, que ainda não clarificou nem quis renunciar às suas visões fascistas durante a sua estadia no Reino Unido, tratam-se de tempos preocupantes», afirmou Powar.

O presidente da FARE admitiu também que poderá haver «perigosas repercussões» se as suas convicções politicas não forem prontamente contestadas e que as suas atitudes como treinador na primeira liga inglesa terão de ser responsáveis perante os adeptos.

Di Canio defende-se

Em 2005, Di Canio disse à agência italiana de notícias Ansa: «Sou fascista, não racista». E agora mostra-se revoltado com a forma como as suas convicções políticas estão a ser encaradas e garante que descreve-lo como racista «é estúpido e ridículo».

«Não tenho problema com ninguém. Não sei porque tenho que estar sempre a repetir a minha história e a defender-me de acusações que não me dizem respeito cada vez que mudo de clube. Racismo? É estúpido e ridículo», afirmou o treinador do Sunderland num comunicado divulgado pelo clube.

«A minha vida fala por mim. Claro que me magoa as pessoas estarem a pôr em causa a minha dignidade, não é justo. Eu tenho valores e o que me magoa mais é estarem a pôr em causa os valores que os meus pais me passaram. Isso é inaceitável», frisou.

«As pessoas criaram uma história sobre mim que é diferente da verdade. Eu expressei a minha opinião numa entrevista há muitos anos e houve partes que foram tiradas do contexto conforme os interesses dos media. Usaram o que eu disse de forma muito negativa. Por vezes os media precisam de um grande título e uma grande história», acusou.

Di Canio garantiu ainda que não vai para a Premier League falar de política. «Não quero falar de política, não é a minha área. Não estamos no Parlamento. Quero falar de futebol, dos meus jogadores, da direção e dos adeptos. É essa a minha prioridade. Não quero falar mais de política. Não sou uma pessoa política», garantiu.

Os responsáveis do Sunderland também se mostram agastados com a polémica. «É muito triste ler as reações à escolha do Paolo e acusa-lo de racismo insultuoso para ele, mas também para o clube», frisou Margaret Byrne.