São 13 anos. 13 anos de angústia, de resignação até. São 13 anos a sorrir sobre o rival também. Assim se divide mais de uma década o derby de Madrid, que tem mais uma edição neste sábado. 13 anos de sofrimento para os «colchoneros», 13 anos de alegria para o Real.

Vencer o Atlético tornou-se normal para a equipa de Chamartin. A última vez que o Atlético venceu o derby foi em outubro de 1999 (ver vídeo no final), numa partida com várias ligações portuguesas. Hugo Leal estava no Bernabéu nessa noite em que o herói foi um tal de Hasselbaink. Jimmy Floyd Hasselbaink.

Olhar para os onzes das duas equipas é fazer um belo exercício futebolístico, diga-se. Porque à primeira vista não se entende como é que aquela equipa do Real Madrid terminou a temporada como campeã europeia e o Atlético na segunda divisão.

Mas vamos lá. E comecemos pelo banco do Madrid. John Toschak, ex-treinador do Sporting, era quem dirigia os destinos antes da chegada de Del Bosque. Ao lado, tinha um miúdo chamado Casillas, outro chamado Etoo, o veterano Sanchis e o atual adjunto de Mourinho, Aitor Karanka. No onze, havia Júlio César, central brasileiro que passou pelo Benfica sem grande significado.

O Atlético Madrid apresentou-se no Bernabéu com um ex-benfiquista, Carlos Gamarra, e outro que viria a passar na Luz, muitos anos depois: Joan Capdevila. Hasselbaink era o ponta de lança de uma formação treinada por um tal de Claudio Ranieri.

O holandês de Campo Maior e a promessa espanhola

Morientes fez o primeiro golo, mas o Atlético chegou ao empate pelo holandês ex-Campomaiorense e Boavista. O resultado construiu-se todo no primeiro tempo e o 2-1 para o Atlético chegou de forma incrível. Fernando Redondo, o trinco dos trincos, perdeu uma bola a meio-campo e deu azo ao golo de José Mari, um dos jogadores espanhóis com mais potencial na altura.

Por fim, o 3-1 aos 38 minutos, num remate de marca registada de Jimmy Hasselbaink. Um tiro forte, rasteiro e colocado, a bater o argentino Bizarri, o dono da baliza merengue na altura, perante a concorrência de Bodo Ilgner e Iker Casillas, que ainda entrou durante o encontro, por causa da expulsão de Bizarri.

Toschak saiu e deu o lugar a Del Bosque. Ranieri também saiu do Atlético e, depois desse jogo, o Real Madrid viveu uma época de ouro. Terminou em quinto nesse ano (Corunha campeão), mas levantou a oitava Taça dos Campeões Europeus. No verão seguinte chegava Figo e começou a era Galática.

O Atlético desceu ao inferno da segunda divisão e só voltou a jogar na liga principal em 2002/03.

Os onzes:

Real Madrid: Bizarri; Michel Salgado, Ivan Campo, Júlio César e Roberto Carlos; Seedorf, Ivan Helguera (Etoo, 70), Redondo (Karembeu, 61) e Guti (Casillas, 51); Morientes e Raul

Suplentes não utilizados: Sanchis, Dorado, karanka e Ognjenovic

Atl. Madrid: Molina; Chamot, Gamarra, Gaspar e Capdevila; Baraja, Bejbl, Aguilera (Valeron, 63) e Solari; José Mari (Correa, 79) e Jimmy Hasselbaink (Paunovic, 89)

Suplentes não utilizados: Toni, Santi, Hugo Leal e Pilipauskas.

o vídeo do derby de 1999: