Redes sociais: o que os clubes portugueses têm a aprender com os ingleses

A comparação é entre Portugal e Inglaterra. Sim, são realidades muito diferentes, mas se querermos comparar-nos a alguém que seja aos melhores e em Inglaterra é onde se faz do melhor em termos de gestão de redes sociais por parte de clubes de futebol (ainda assim longe do que acontece noutras modalidades nos Estados Unidos). Portugal não está nos antípodas, mas quase. 

A diferença nota-se logo no número de seguidores das contas e até na diversidade da aposta nas mais variadas redes sociais disponíveis. Enquanto em Inglaterra quase todos os clubes da Premier League têm site oficial, facebook, twitter, Google +, Youtube e Instagram, na Liga portuguesa ninguém usa o instagram (a exceção é o Sporting) e poucos são os que têm presença em mais do que uma rede social (quase sempre no facebook, alguns no twitter e quase todos têm conta no Youtube).

Quanto aos números totais surge a comparação talvez menos leal, dada a dimensão, população e alcance mundial dos clubes ingleses. O Manchester United tem mais de 37 milhões de seguidores no Facebook, o Chelsea quase 20 milhões e o Arsenal mais de 16 milhões. Em Portugal, só Benfica e FC Porto conseguem alcançar números expressivos, ultrapassando 1 milhão de seguidores.

A estratégia de presença no Facebook (nem sequer vale a pena falar do twitter) nos clubes portugueses é difícil de entender, pois centra-se praticamente em promoção de patrocionadores, dinamização de venda de lugares para jogos, reprodução de notícias e eventos associados a marcas. Raramente há conteúdo exclusivo relacionado com o plantel e este cinge-se a algumas fotos de camisolas no balneários antes de algum jogo importante.

Uma das grandes limitações ao uso das redes sociais por parte de Benfica e FC Porto é o facto de deterem canais de televisão. Os encarnados canalizam tudo para esse meio, enquanto os dragões esforçam-se por apresentar algo diferente, mas nunca relacionado diretamente com o trabalho da equipa. Recentemente colocaram no Youtube um vídeo da visita dos jogadores ao novo museu do clube.



O Sporting não tem canal de televisão, mas pouco faz para marcar a diferença. O conteúdo está quase sempre relacionado com a tentativa de cativar mais adeptos a ir ver jogos ao estádio.



A Académica é uma exceção neste panorama, trabalhando quase sempre a partir da sua página no Facebook, em articulação com o site oficial. O resultado disso é a ligação permanente entre os adeptos e a equipa, como sucede com a iniciativa «conversa de bancada».



O Paços de Ferreira também apresenta esforço no sentido de apresentar conteúdo diversificado, que passa quase sempre pela publicação de fotos de momentos especiais, como treinos e jogos nas competições europeias. No início da época publicou um exclusivo com a reação de Costinha ao sorteio da Liga dos Campeões.



Tudo isto pode ser muito interessante, mas quando olhamos para a realidade inglesa ficamos com a noção da enorme diferença existente entre os dois campeonatos.

Na Premier League são muitos os clubes com as suas televisões, mas isso não os impede de registar momentos interessantes e que cativem seguidores. O Arsenal aposta tudo no vídeo online, com programas especiais antes, durante e depois dos jogos, usa o Soundloud para dinamizar vários podcasts e aposta na rede instagram para publicar fotos exclusivas.



O Liverpool é um dos mais inventivos. Recentemente usou o Google +, o Youtube e o twitter para promover um Google Hangout com Kolo Touré, o que permitiu aos adeptos interagirem com um jogador em tempo real pela internet.



Outro momento hilariante foi protagonizado por um jovem de 10 anos, que fez uma entrevista peculiar a Steven Gerrard.



Tal como o Liverpool, também o Manchester City produz muito conteúdo exclusivo junto da equipa. O melhor exemplo, entre muitos, é o «tunnel cam», que faz reportagem no tunel de acesso ao relvado antes, durante e no final de vários jogos. Este é o produto da goleada ao Tottenham.



Precisamente o Tottenham também apresenta soluções curiosas, mostrando os jogadores de uma forma pouco usual. É um conteúdo extra que envolve quem estiver a ver, principalmente os adeptos do clube. Aqui vemos Townsend a entrevistar Nacer.



Só mais dois exemplos e no final destes dois vídeos veja a relação completa da presença dos clubes ingleses e dos portugueses nas redes sociais. No primeiro vídeo pode ver a «tunnel cam» do Swansea City (para mostrar que nem só os grandes são capazes de fazer isto) e o segundo mostra uma brincadeira com dardos no Everton.