Harry Redknapp elogia Futre na sua autobiografia, que está a ser sintetizada pelo Daily Mail. O treinador, que orientou o antigo internacional português no West Ham, recorda a sua chegada ao clube londrino: «Chegou no verão de 1996 e a sua habilidade era simplesmente notável. O treino parava só para vê-lo cobrar livres - colocava-o entre os 10 melhores jogadores que já vi.»

O técnico do QPR recorda ainda que Futre se recusou a jogar com outro número que não o 10 - uma história que já foi contada pelo ex-jogador na TVI: «O nosso primeiro jogo era com o Arsenal e as fichas de jogo já tinham seguido, mas existia um problema. Eddie Gillam, o nosso treinador, tinha-lhe dado o número 16 e levou com ele na cara. Pouco depois, Paulo estava a confrontar-me. “Futre 10, não 16”, disse. “Eusébio 10, Maradona 10, Pelé 10, Futre 10, não 16”. Nesta altura, faltavam 45 minutos para o pontapé de saída. “Está alterado, Paulo”, expliquei, tão gentilmente quanto podia. “Temos números de equipa e o teu é o 16. Não escolhemos esse número. Quando chegaste, todos os números estavam atribuídos, por isso deram-te o 16. “Não, 10”, insistiu. “Futre 10. Número 10 Milan, At. Madrid, F.C. Porto, Benfica, Sporting – Futre 10”. Agora estava a tornar-se desesperante. Tentei ser firme. “Paulo, veste a camisola, troca-te, por favor. Temos um grande jogo. Se não queres usá-la, Paulo, vai-te embora”, disse-lhe. E ele foi... Na segunda-feira seguinte, Paulo chegou com a sua equipa de advogados para negociar o número 10. No início tentámos dizer-lhe que tínhamos vendido tantas camisolas 16 que era impossível mudar, mas ele ripostou. “Quantas?”, perguntou. “Pago 118 mil euros (100 mil libras).” Foi aí que percebi que era uma questão que não conseguiríamos ganhar. Futre estava disposto a gastar 118 mil euros só para ser número 10. No final, acabou por sair-lhe mais barato. John Moncur, o número 10, concordou trocar, e Paulo deixou-o ir duas semanas para a sua casa no Algarve.»