O Sindicato dos Jogadores (SJ) mostrou, esta segunda-feira, oposição às alterações do regulamento disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP). Na base, está a mudança no regime das infrações salariais, na qual organismo nota que treinadores e árbitros – através da Associação Nacional dos Treinadores de Futebol e da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol - também estão contra.
O assunto, constante no artigo 74.º do regulamento, passa a constar no Regulamento de Competições e o SJ entende que «está alteração tem um efeito determinante», por colocar «na exclusiva disponibilidade das sociedades desportivas que aprovam o regulamento de competições da Liga, a autonomia para manter, alterar, ou até revogar o sistema de controlo financeiro atualmente existente, sem necessidade de passar pelo escrutínio que as normas disciplinares têm na Assembleia Geral da FPF», refere o SJ.
O sistema de controlo em causa passa a ter regulação no artigo 78.º A do Regulamento de Competições.
O organismo liderado por Joaquim Evangelista destacou, na mesma nota, que «manifestou o seu descontentamento e repúdio» na reunião magna da FPF «pela deslealdade com que a Liga conduziu este processo, não tendo envolvido os principais protagonistas, numa matéria tão relevante para a estabilidade das relações laborais no futebol».
O Sindicato alerta que as modificações facultam, aos clubes, o «poder para, unilateralmente, alterar o sistema que os tem vinculado a fazer prova, efetiva, do cumprimento das suas obrigações salariais, sob pena de sofrerem sanções desportivas, sem que jogadores ou treinadores tenham qualquer intervenção», lamentando ainda que a Liga deveria «resolver outros problemas estruturais», como «a exclusão dos acordos não cumpridos do sistema de controlo financeiro, ou a falta de normas de fair-play financeiro que permitam regular o caos que existe nas relações entre jogadores e sociedades desportivas que recorrem ao PER (Plano Especial de Revitalização), ou ao SIREVE (Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial), continuando a existir clubes que competem sem quaisquer restrições, apesar de falharem há mais de uma década com os planos de pagamento aprovados judicialmente».
«O Sindicato lamenta que as alterações ao regulamento disciplinar para as competições profissionais em Portugal tenham sido aprovadas com votos desfavoráveis de jogadores, treinadores e árbitros, os principais intervenientes, e viabilizado pela conivência dos representantes do futebol não profissional, as Associações Distritais, que votaram em bloco, com o argumento de que estavam a seguir a vontade dos clubes», nota, ainda, o SJ.