A propósito do duelo entre Portugal e Rep. Checa, dos quartos de final do Campeonato da Europa, o Maisfutebol recupera um artigo publicado originalmente a 21 de Maio, no âmbito da Euro2012 Network. Trata-se de uma apresentação do próximo adversário da equipa das quinas, elaborada por um jornalista checo.

Autor: Michal Petrák*

Bilek iniciou o seu percurso como selecionador da República Checa sem grande brilho. Ele experimentou um 4x3x3 mas uma derrota com o Azerbeijão e um empate frente aos Emirados Árabes Unidos colocou um ponto final na experiência.

O treinador mudou então para um 4x2x2x2 e surgiu alguma esperança, sobretudo com a goleada por 4-1 frente à Letónia. Porém, jogar uma boa parte com um novo sistema não chega. Muitos jogadores sentiram dificuldades.

No setor intermediário, sobretudo, Jaroslav Plasil e Tomas Rosicky sentiram-se perdidos entre os dois avançados e os dois médios defensivos. A dupla, em parte pela má forma dos laterais, via-se obrigada a abrir nos flancos e permitia, assim, que os adversários ganhassem superioridade ao centro.

A meio da qualificação, o selecionador da República Checa conseguiu equilibrar a equipa. Agora, a seleção joga em 4x2x3x1, com Rosicky no centro de um tridente ofensivo e Plasil reinventado como um médio defensivo, ao lado do trabalhador Petr Jirácek.

A inclusão de jovens da liga checa como Vaclav Pilar, Milan Petrzela, Theodor Gebre Selassie e Jan Rezek (agora no Anorthosis Famagusta) deu velocidade à equipa nos flancos. Agora, a Rep. Checa é forte no contra-ataque mas também no jogo pausado.

Nesta altura, há dois problemas para o treinador resolver. Um deles passa pelo centro da defesa, onde Roman Hubník do Hertha de Berlim é um elo fraco. Michal Kadlec, que joga normalmente como lateral esquerdo no Bayer Leverkusen, pode ser a solução. Kadlec foi testado a central na seleção e fez uma boa dupla com Tomas Sivok.

Como tal, é bem possível que Kadlec venha a jogar ao centro durante o Euro2012, abrindo uma vaga do lado esquerdo. Por ali, há mais opções. David Limbersky e Daniel Pudil são duas delas.

O outro problema está no centro do ataque. Milan Baros já foi um avançado extraordinário (lembram-se do Euro2004?), mas já não tem a velocidade de antigamente.

Milan Baros marcou apenas dois golos nos últimos dois anos pela seleção. Para Bilek, ainda assim, ele é a primeira opção. Porquê? Porque as alternativas são ainda piores.

Tomás Necid, um dos maiores talentos da Rep. Checa nos últimos anos, divide o seu tempo entre a enfermaria e o banco do CSKA de Moscovo. Tomás Pekhart atravessa um período menos alegre, uma vez que o seu Kaiserslautern foi despromovido da Bundesliga. Depois, surge David Lafata, o homem que bateu o recorde de golos marcados numa época no campeonato checo. Contudo, ele parece deixar o seu instinto goleador em casa, quando sai do país.

Resumindo: os checos conseguem controlar quase todos os jogos (provavelmente, apenas não o farão frente à Espanha), com um estável triângulo formado por Plasil, o verdadeiro jogador de equipa, por Jirácek, um corredor com pilhas Duracell, e por Rosicky, um assistente cerebral.

Este setor intermediário pode brilhar com o contributo de extremos como Pilar e Rezek, bem suportados por laterais como Gebre Selassi à direita e Kadlec/David Limbersky/Daniel Pudil à esquerda.

Contudo, a República Checa deve rezar por um goleador de confiança. Ou seja, que Baros recupere a sua melhor forma. E ainda, que Petr Cech consiga travar alguns dos melhores avançados da Europa.

* Michal Petrák é jornalista do Denik Sport.