29 de maio, final da Taça da Liga: o dia em que a revolução tecnológica chega ao futebol português. A decisão está tomada, confirmada e fará do Benfica-Marítimo, no Estádio Cidade de Coimbra, um jogo histórico.

Pela primeira vez num jogo oficial no nosso país, os árbitros (e as equipas) terão ao dispor a Tecnologia de Golo. O sistema é utilizado desde 2013 na Premier League, e esteve no Campeonato do Mundo do Brasil e no Mundial de Clubes em 2014.  

João Martins, vogal da Comissão Executiva da Liga Portugal, organismo regente do futebol profissional, garante a «total fiabilidade» desta ferramenta.

«Estamos a falar de um sistema que implica a instalação de 14 câmaras na cobertura do estádio, mais sete em cada uma das baliza», refere, em declarações à TVI, o dirigente.
 

Jesus parece aplaudir a aplicação da tecnologia na Taça da Liga

O grande público já está ao par das características do mecanismo, mas João Martins dá mais alguns dados: sempre que a bola transpuser a linha de golo – na totalidade – um aparelho, parecido com um relógio, vibrará no pulso de todos os elementos da equipa de arbitragem.

«É exatamente igual ao sistema usado no Mundial do Brasil e no Mundial de Clubes. A empresa fornecedora é a mesma, aliás», continua João Martins, da Liga Portugal, antes de identificar o grande problema à disseminação da Tecnologia de Golo para as outras provas nacionais.

«Tem um custo muito elevado, mas gostávamos de implementar esta e outras tecnologias nas nossas competições».

João Martins refere-se, em concreto, ao vídeo-árbitro, uma possibilidade ainda não aceite pela FIFA e pelo International Board. A resistência destas estruturas não encontra, porém, eco na arbitragem portuguesa, assegura o responsável da Liga. «Os árbitros aceitaram muito bem estas novas ideias».

Uma opinião confirmada por José Fontelas Gomes, presidente da APAF, num colóquio realizado na última sexta-feira na Casa das Artes, em Famalicão. «Acolhemos de braços abertos tudo o que possa diminuir o erro».

Inglaterra, sim, mas também Alemanha e França

A Premier League tem sido um laboratório de excelência para a aplicação da Tecnologia de Golo [Goal Line Technology]. Na passada segunda-feira, mais uma vez, um lance de difícil análise acabou por ser bem decidido pelo tal vibrar no aparelho/relógio da equipa de arbitragem.
 
Após um cruzamento de esquerda, Gomis (Swansea) cabeceou para a baliza do Arsenal, o guarda-redes David Ospina tocou na bola mas não impediu que entrasse totalmente. Como, aliás, as imagens e a Tecnologia de Golo vieram a provar.

O jogo acabou com a derrota de 0-1 para o Arsenal e esse golo surgiu aos 85 minutos.
 

Alemanha e França, além de Portugal, serão os próximos países a adotar a tecnologia da linha de baliza. Na Alemanha, a estreia será feita um dia depois da final da Taça da Liga portuguesa. Borussia Dortmund e Wolfsburgo terão o privilégio de ser as cobaias na final da Taça da Alemanha
.

França vai mais longe e a partir da temporada 2015/16, inclusivamente, a Tecnologia de Golo estará presente em todas as partidas da Ligue 1
. A Serie A italiana e a Bundesliga
deverão seguir precisamente os mesmos passos.

A impressão geral é que a generalidade dos agentes desportivos aplaudem a entrada da tecnologia como meio complementar de arbitragem.

Alguns dos melhores treinadores do mundo estão de acordo
, altas patentes da FIFA também
e até o influente Pierluigi Collina
não demonstra ponta de preconceito.

O melhor argumento, comum a todos, é simples: ninguém está disposto a ver erros desta gravidade
, quando eles podem ser erradicados com facilidade.