O Atlético Mineiro estava a empatar em 0-0 com o América de Cali, na última terça-feira, no Mineirão, na Taça Libertadores, quando Hulk foi chamado por Cuca ainda no intervalo. Depois de uma conversa olho no olho com o técnico, com quem havia entrado publicamente em conflito poucos dias antes, o avançado acabou por ser lançado em campo logo no começo da segunda parte. Entrou com tudo, marcou dois golos em apenas quatro minutos e foi o grande nome da vitória por 2-1.

A atuação decisiva frente à equipa colombiana durou somente 45 minutos, mas serviu para o internacional brasileiro ganhar o fôlego que tanto precisava para afastar as críticas e começar efetivamente a justificar o alto investimento feito pelo Galo, que bateu de frente no mercado com FC Porto, Flamengo, Palmeiras e outros interessados dos Estados Unidos e da Arábia Saudita.

Acusado por alguns adeptos e parte da Comunicação Social de ser uma espécie de «reforço para alavancar o marketing», Hulk aceitou assinar pelo clube mineiro em troca de um salário de aproximadamente 2,5 milhões de euros limpos por temporada, num contrato válido até dezembro de 2022 (com opção de renovação automática por mais um ano).

Desde que chegou a Belo Horizonte, em janeiro, a antiga estrela dos dragões fez 10 partidas oficiais (seis como titular), tendo-se estreado em março. Apesar da força física de sempre, o jogador de 34 anos sentiu o peso da falta de ritmo de jogo, visto que estava parado há quase três meses - a última exibição havia sido em novembro do ano passado, na derrota do Shanghai SIPG para o Yokohama Marinos, por 1-0, na Liga dos Campeões asiática.

Quando Hulk resolveu regressar para o Brasil, o Atlético Mineiro era dirigido pelo argentino Jorge Sampaoli, que, no fim de fevereiro, pediu para sair e fechou com o Olympique de Marselha. Velho conhecido da casa, Cuca foi então escolhido para ser o sucessor no cargo. Com a repentina mudança no comando, o avançado perdeu espaço entre os titulares, o que não tardou a gerar uma cobrança por meio da Imprensa.

«Desde que o professor Cuca chegou aqui, acho que não tive uma sequência de três, quatro jogos», declarou o camisola 7 atleticano, entre outras coisas, no último fim de semana. No dia seguinte, o técnico fez questão de responder: «Você dá sequência quando tem o jogador a dar todo o respaldo.»

A polémica criou um clima negativo nos bastidores e rapidamente ganhou repercussão entre a torcida atleticana, obrigando Hulk a usar as redes sociais para explicar a situação. Afirmou, sobretudo, que foi «mal interpretado».

«Respeito demais o professor Cuca, o profissional Cuca, o ser humano Cuca. Não tenho nada contra ele ou ninguém aqui. Pelo contrário, trabalho respeitando todo o mundo, buscando sempre o melhor», destacou.

Quando falei da questão da sequência, é a questão da confiança, porque passei muito tempo fora do Brasil. Regressei agora, são quase 16 anos fora, então isso requer tempo de adaptação, mas me cobro bastante, a cada jogo, a cada dia, para chegar ao meu melhor nível, para fazer valer todo o investimento que o Galo fez em mim», completou.

O «melhor nível» de veterano avançado automaticamente passa também por trazer experiência e ADN vencedor ao Atlético Mineiro, que atualmente tem um dos melhores plantéis do futebol brasileiro, juntamente com Flamengo, Palmeiras e São Paulo, mas não consegue um título de impacto há sete anos - o último foi a Taça do Brasil, em 2014.

«Tenho o prazer de jogar ao lado do Hulk, um companheiro que me ensina muita coisa, está sempre a dar conselhos. É um excelente profissional, vai nos ajudar bastante. Tem muita qualidade, todos sabem disso. Também é uma pessoa espetacular fora de campo», elogiou o lateral-esquerdo Guilherme Arana, ao Maisfutebol.

Tendo participado no Mundial no Brasil, em 2014, Hulk tem 18 conquistas oficiais no currículo, distribuídas por Portugal, Rússia e China. No FC Porto, por exemplo, ergueu quarto vezes o troféu de campeão nacional (2008/09, 2010/11, 2011/12 e 2012/13).