Jonathan Barnett, presidente executivo da ICM Stellar, empresa que representa Gareth Bale, Grealish ou Camavinga, entre outros, inaugurou esta segunda-feira o seu primeiro escritório em Portugal. Foi dado a possibilidade ao Maisfutebol, assim como aos outros jornalistas presentes, de conversarem alguns minutos com o empresário britânico.

Barnett confirmou a saída de Bale do Real Madrid, falou sobre a adaptação de Grealish ao Man. City e dos valores exorbitantes que são pagos pelos jogadores atualmente. O agente teceu duras críticas à FIFA e à atribuição do Mundial 2022 ao Qatar e enalteceu a capacidade de Portugal desenvolver futebolistas talentosos.

PARTE I DA ENTREVISTA: 
O dia em que o empresário de Bale vendeu um jogador sem saber a sua posição

Quando é que começou a sua carreira?

Jonathan Barnett: Comecei a minha carreira há 30 anos. Desde então o mercado de transferências mudou completamente. Há mais profissionalismo agora. Há mais pesquisa e mais ferramentas para avaliar a qualidade dos jogadores. Hoje em dia não são os treinadores quem compra os jogadores, mas pessoas responsáveis nos clubes que o fazem.

Agora pagam-se quantias maiores pelos jogadores.

JB: Mas a mentalidade é a mesma. Só os valores é que mudaram. As pessoas adoram falar sobre quanto custou um jogador. Acham fantástico e traz-lhes entusiasmo. As pensam que os jogadores são demasiado bem pagos, mas não, são mal pagos. As pessoas adoram falar sobre isso, mas não gostam de os ver chegar ao trabalho de bicicleta, querem ver um Ferrari a entrar. É a natureza humana.

Qual é a sua opinião acerca das limitações impostas pela FIFA no que respeita à percentagem das comissões que os agentes podem receber?

JB: São ilegais. Nao consultaram ninguém. O Jorge [Mendes], eu e o Mino [Raiola] éramos os três maiores agentes. Ninguém da FIFA alguma vez esteve nos nossos escritórios para perceber o que faz um agente. Isto é publicidade para o senhor Infantino arranjar votos e aliviar a pressão da FIFA. Há mais antigos funcionários da FIFA na prisão do que agentes. Mas tem de haver regulamentação e regras, claro. Quanto é que se ganha não é critério para ser um bom ou mau agente. A FIFA não está em posição de fazer isso.

Quando é que esta disputa pode terminar?

JB: Não sei. Custará muito dinheiro a ambas as partes e será mau para o futebol. Estamos preparados para ir à luta, custe o que custar. Pode acabar facilmente se a FIFA se sentar à mesa connosco. Não pode apresentar uma lista de regras sem consultar as pessoas. Quero discutir com eles como deve ser e criar regras com as quais todos possam viver.

Voltando um pouco atrás e às alterações que o mercado de transferências viveu. O Jack Grealish custou mais de 100 milhões de euros ao Man. City. Não é uma loucura?

JB: Muito pouca gente diz isso, a imprensa é que dá eco. É pelas pessoas que não são desse clube. Não há muitos clubes que possam pagar 100 milhões por um jogador. Não ouviram nenhuma pessoa do Manchester City dizer que foi uma loucura pagar esse dinheiro pelo Grealish. Se fosse para um clube da segunda divisão em Portugal, diriam que era ridículo, claro. Ninguém deixa de comprar bilhete de época por causa disso. Aliás, mais depressa não comprariam se não tivesse chegado esse jogador. As pessoas querem ver esses jogadores. Por exemplo, se uma equipa de jogadores de uma Liga não profissional jogassem no United, quanto tempo é que terias 65 mil pessoas no estádio? Pouco. O público gosta de ver as estrelas e as estrelas custam dinheiro. 

Grealish está a justificar o investimento feito pelo City?

JB: Sim. O Man. City tem um estilo de jogo diferente daquele a que o Jack estava habituado. Ainda na última noite [ndr: domingo] esteve muito bem. Daqui a dois anos não me fará essa pergunta. Está ainda a aprender a jogar à maneira do Man. City, uma maneira muito especial e diferente das outras equipas. 

Gareth Bale está de saída do Real Madrid?

JB: Ele vai deixar o Real Madrid, sim. Mas temos de ver se o País de Gales se qualifica ou não para o Mundial. Depende disso. Só depois tomar uma decisão acerca do seu futuro. Inglaterra? Acho que sim, mas depende.