Da Islândia, pedaço de terra misterioso e envolto numa aura mística, chega-nos a sequela perfeita para a história do Stjarnan FC. Quatro anos depois de termos ido à procura da explicação para os festejos inauditos dos golos, o clube sagra-se campeão nacional pela primeira vez.

No país do frio agonizante, dos glaciares intermináveis e dos vulcões impronunciáveis, o clube da cidadezinha de Gardabaer faz manchete em todos os jornais. Das palhaçadas ao título e, pedem os jogadores, a caminho de Hollywood.

«O clube cresceu e já sonhamos com a Liga dos Campeões. Alô, senhores realizadores de cinema, estão atentos?», pergunta ao Maisfutebol, de sorriso orgulhoso, Johan Laxdal, um dos mais antigos da equipa.

O Passeio da Fama será um desejo ainda precipitado, mas talvez Laxdal não esteja a exagerar quando reclama a realização de um filme sobre o clube. Basta pensar na forma como o título islandês foi conquistado pelo Stjarnan FC.

O dramatismo do momento decisivo:



«Marcámos de penálti, aos 93 minutos. Não é preciso dizer muito mais, certo?»

De facto, não. Mas nós gostamos de explicar tudo direitinho: na última jornada, sábado, o FH Hafnarfjardar só precisava de um empate para ser campeão. Ólafur Karl Finsen até marcou primeiro, para o Stjarnan, mas aos 59 minutos o clube da moda ficou reduzido a dez unidades.

«A expulsão do Gunnarson perturbou-nos e sofremos logo um golo. Aí pensei que estávamos perdidos. Mas, lá está, o futebol é um jogo fantástico».

Já depois do minuto 90, com as bancadas a celebrarem o título do FH, o árbitro assinala um penálti «indiscutível» a favor do Stjarnan. Finsen não tremeu e fez o 1-2. Troféu nas mãos do clube que era conhecido só pelas palhaçadas.


«Nem tínhamos uma coreografia preparada», ri-se Laxdal. «O Finsen correu para a bancada, nós fomos todos atrás aos berros. No banco estava toda a gente doida. Foi completamente justo, este ano fomos de longe a melhor equipa».

A entrega do troféu e a celebração:




Johan Laxdal tem 24 anos e continua a não poder (sobre)viver do futebol. É jardineiro municipal e acumula a função com os treinos ao final do dia. Será desta que o desporto vai ser ocupação a full-time
?

«Duvido, até porque fiz uma época má. Os miúdos que estão a aparecer são melhores do que os da minha geração. O clube fica bem entregue, mesmo que eu e outros possam sair», diz Laxdal.

E os festejos? Agora que o Stjarnan FC é um clube de vitórias e freguês das provas europeias, as celebrações criativas vão acabar?

«Se for eu a decidir, não. As pessoas já esperam isso de nós. As vitórias não são incompatíveis com a alegria».

O ano de 2014 é perfeito para o clube. Depois da qualificação para a Liga Europa e de oito jogos históricos na UEFA [eliminado no play-off pelo Inter de Milão após afastar Bangor (Gales), Motherwell (Escócia) e Lech Poznan (Polónia)], o Stjarnan FC deixa de ser só o emblema das coreografias estapafúrdias e passa a ser uma instituição vencedora.

Islândia, terra de encantos debruados pelo gelo, de fiordes magnânimos e géisers avassaladores. Terra do Stjarnan FC, um clube à espera da Champions e do olhar de Hollywood.