* Enviado-especial do Maisfutebol aos Jogos Olímpicos
Siga o autor no Twitter


Cruel. Três anos de trabalho perdidos nas duas últimas pagaiadas. Desporto, canoagem olímpica. Duro, muito duro para Emanuel Silva e João Ribeiro, compreensivelmente «frustrados» na Lagoa Rodrigo de Freitas.

«Quarto lugar… é o primeiro dos últimos», resume Emanuel Silva, o mais experiente na embarcação K2, ainda a digerir a ultrapassagem de australianos e sérvios em cima da meta.

«Ao cortar a meta olhei para o lado esquerdo, onde estavam os nossos adversários mais fortes, e reparei que tínhamos sido ultrapassados», refere Emanuel, garantindo que «nada» tinha falhado. Nem forças, nem estratégia.

«Viemos sempre bem durante a prova. O João [Ribeiro] tinha ordens para não olhar para o lado e seguir o meu ritmo. Foi quase perfeito. É frustrante».

E o que disse Emanuel ao jovem colega de equipa no final? «'Tá boa, não deu para mais'».

A João Ribeiro um jornalista sugere que a pressão e os nervos podem ter atrapalhado. Nem pensar. «Estávamos super descontraídos. Às vezes o barco no início treme, quando estamos um bocadinho nervosos, e hoje nem se mexeu». 

A verdade, lembram os dois canoístas, é que aos 998 metros o pódio era português. «Quarto é o lugar que ninguém deseja. Abdicámos de tanta coisa, das nossas famílias… A nossa estratégia passava por seguir o barco alemão, o maior candidato à vitória. Não os queríamos deixar fugir».

«Se a meta estivesse aos 998 metros estávamos aqui a celebrar o bronze», completa Emanuel Silva.

O último lamento é de João Ribeiro, exausto. «Queríamos dar mais um bocadinho a partir dos 500 metros e arriscar tudo nos últimos 200. Não deu».