Existem sites de credibilidade mais ou menos duvidosa que garantem que vinagre de sidra é o último grito das fórmulas para emagrecer. Nós não vamos por aí, mas conhecemos pelo menos um caso que prova que suor de Vinagre é receita com grande possibilidade de sucesso.

É pelo menos isso que tem mostrado Rúben Vinagre, cujo esforço dos últimos meses serviu para engordar bastante o currículo.

Se não, vejamos: pouco depois de completar 19 anos, o lateral-esquerdo português ajudou o Wolverhampton a conquistar o Championship, segundo escalão do futebol inglês; durante essa campanha, os 13 jogos (um golo) foram amostra suficiente para os responsáveis do wolves comprarem o seu passe ao Mónaco; depois, já com essa dose extra de confiança, Vinagre viajou para a Finlândia com a seleção sub-19 de Portugal e foi totalista na caminhada da equipa de Hélio Sousa rumo à conquista do título europeu da categoria; daí até à nomeação para o prémio Golden Boy, com o seu nome a figurar na lista dos 60 finalistas, foi um saltinho.

Nada mau, para o miúdo que deu os primeiros pontapés na bola ao serviço do Barreirense, mas em quem o Sporting apostou quando ele tinha 11 anos. O mesmo miúdo a quem os olhos ainda brilham ao recordar a última conquista: a estreia na Premier League, onde conta com três curtas-mas-muito-saborosas presenças neste início de época.

 «Está a ser um início de ano mesmo muito bom. Jogar num campeonato como a Premier League – para mim o melhor do mundo - é o realizar de um sonho», confessa em conversa com o Maisfutebol e com a agência Lusa, no final do jogo de seleções sub-20 de Portugal e Holanda, que se realizou nesta quinta-feira.

«É verdade que as coisas me estão a correr bem, mas espero que ainda venham a correr melhor. O que é que isso significa? Ter mais oportunidades», revela, com uma ambição saudável de quem acredita que com o seu trabalho, «as coisas vão aparecer com o tempo».

Everton, Manchester City e West Ham foram as equipas contra quem Vinagre, o mais novo de todo o plantel do Wolverhampton, já jogou esta época – além do Sheffield Wednesday, diante de quem fez os 90 minutos, em jogo da Taça da Liga.

Equipas com nomes de respeito, que deixam adivinhar que o treinador português Nuno Espírito Santo tem bastante confiança no valor de Vinagre. «Sim, até agora o mister tem apostado em mim, tenho entrado e tem corrido bem», resume, partilhando aquilo que julga faltar para conquistar um lugar na equipa titular.

«O que falta? Falta tempo. Acho que com tempo as coisas podem acontecer», sorri. «O mister tem-me dado boas indicações, aprendi muito com ele no ano passado e senti que evoluí. E este ano acredito que ele me vai continuar a ajudar e pode ser que me consiga assumir no lugar. Esse é o meu objetivo», garante.

«Inglaterra é o meu sítio»

A mudança para Inglaterra surgiu na época passada, depois de dois anos na formação do Mónaco, para onde saiu depois de seis anos no Sporting. E apesar do salto que deu, Vinagre garante que tudo tem valido a pena e considera ter encontrado no futebol de Terras de Sua majestade o lugar onde pertence.

«Sinto-me uma aposta no Wolverhampton. Desde o início que me receberam muito bem, compraram o meu passe e ver um clube a pagar por um jovem jogador é algo que nos faz sempre sentir bem. O clube tem-se demonstrado satisfeito com o meu trabalho, e sinto que Inglaterra é meu sítio», assevera, confessando-se «muito feliz» em Inglaterra.

E uma das razões para a felicidade de Rúben Vinagre é também a portugalidade que se sente na cidade de Wolverhampton que, no espaço de pouco mais de um ano, viu chegar ali uma autêntica armada portuguesa. E se Portugal mostrou ser uma receita de sucesso – já com Vinagre, pois claro -, neste verão a aposta foi reforçada e isso faz com que Rúben se sinta quase em Portugal.

De tal forma que, a meio da conversa tem de parar um raciocínio para lembrar de riso nos lábios que «os portugueses é que são os estrangeiros ali». Compreende-se. A nacionalidade portuguesa é a dominante no plantel – são sete os jogadores lusos, mais dois do que os ingleses – além da equipa técnica também ela maioritariamente portuguesa.

«Somos muitos portugueses, sim, mas temos um balneário fantástico, com os ingleses também. É uma equipa muito unida em que todos se dão. Nós, portugueses, ensinamos-lhes o português, eles ensinam-nos a nós e andamos sempre todos na brincadeira. Entrar num balneário assim é muito fácil», sublinha.

Wolves, com «muita magia portuguesa», querem ser surpresa

Após a conquista do Championship na época passada, o objetivo assumido pelo Wolverhampton é a permanência na Premier League, ideia confirmada por Rúben Vinagre que, porém, não esconde um discurso algo mais ambicioso.

«Acredito que podemos ser uma surpresa este ano. Temos uma equipa muito forte, com muita magia portuguesa, e acho que podemos fazer alguma coisa engraçada e o objetivo é esse. Queremos a permanência e fazer o melhor possível. A Premier League é muito difícil, todos os jogos são complicados e o objetivo, para já, é mantermo-nos lá, depois disso, logo se vê», aponta.

E para quem antes só sonhava com aquele que considera ser «o melhor campeonato do mundo», que impressão fica dos primeiros contactos com essa realidade? «Tem aquela magia… é mesmo muito bom», exclama Rúben.

«A diferença na Premier League é que os jogadores têm muita qualidade. E é tudo muito imprevisível porque jogamos com jogadores com estilos muito diferentes. Dizem que o futebol inglês é muito físico – e claro, é físico –, mas na Premier League o futebol também é rápido e intenso. E os jogadores também têm de o ser», descreve.

Com a evolução rápida que tem tido, e se começar a jogar com regularidade na Liga Inglesa, Rúben Vinagre estará a dar passos seguros rumo… à seleção A?

«Neste momento estou apenas focado nos sub-20, mas todos temos o sonho de chegar à seleção principal. Claro que esse é um objetivo, mas agora só penso nesta seleção, que é uma equipa que já foi duas vezes campeã da Europa – em sub-17 e sub-19. Esse sonho existe, mas para já, estou muito feliz aqui», assegura quem, apesar de tudo, garante não ter pressa em crescer.

«Aos 19 anos já posso dizer que cumpri um sonho ao estrear-me na Premier League. Sei que ainda há muita coisa por conquistar e eu quero fazê-lo, seja com 19, 20, 21 ou o que for. Agora, quero viver este momento e continuar a evoluir», finaliza.

Suor de Vinagre, lembra-se? Pode ser uma boa base para o sucesso, mas convém juntar-lhe sempre uma pitada de ambição e paixão a gosto. É essa a receita que Rúben partilha connosco.