Seis dias depois da comprometedora derrota frente ao Chelsea, o FC Porto regressa agora na condição de forasteiro ao Estádio Ramón Sánchez-Pizjuán para tentar uma remontada épica de modo a alcançar as meias-finais da Liga dos Campeões.

O recinto do Sevilha FC é o palco para a missão quase impossível dos dragões numa inédita eliminatória jogada a duas mãos no mesmo local.

O que se sabe sobre este estádio?

Além de casa do Sevilha FC, foi uma das sedes do Mundial 1982 e palco de uma memorável meia-final entre República Federal Alemã e França (3-3, triunfo germânico nos penáltis), ou, por exemplo, acolheu em 1986 a final da Taça dos Campeões Europeus que consagrou o Steaua de Bucareste frente ao Barcelona.

Porém, esses são aspetos mais conhecidos do recinto que já teve capacidade para mais de 70 mil pessoas e que hoje, em virtude das remodelações (a última em 2016), tem 43 mil mil lugares sentados, o que o torna no nono maior de Espanha e no terceiro de Sevilha, em termos de capacidade, atrás do Benito Villamarín e do Olímpico de La Cartuja.

O Maisfutebol percorreu mais de seis décadas de história de um dos grandes anfiteatros da capital andaluz e descobriu sete segredos do estádio onde esta terça-feira o FC Porto joga o seu futuro na Liga dos Campeões.

1 – O estádio foi batizado com o nome do advogado Ramón Sánchez-Pizjuán [leia aqui o perfil dele], então presidente do Sevilha FC, que em 1954 promoveu o concurso para a sua construção. Porém, o dirigente morreu subitamente dois anos depois e não chegou a ver a sua grande obra concluída. O estádio seria inaugurado apenas em 1958, tomando o lugar do velho Nervión, onde o Sevilha jogou nos 30 anos anteriores.

2 – O recinto foi projetado pelo madrileno Manuel Muñoz Monasterio, que anteriormente havia desenhado também os estádios Santiago Bernabéu e Ramón Carranza, os estádios de Real Madrid e Cádiz. O arquiteto foi o autor de outras obras emblemáticas em Espanha, como a Monumental Praça de Touros de Las Ventas, em Madrid.

3 – O primeiro jogo aconteceu a 7 de setembro e acabou com um empate (2-2) frente ao vizinho Jaén, com o golo inaugural a ser apontado por Ángel Maria Arregui. No entanto, duas semanas depois, o primeiro encontro oficial foi um dérbi de Sevilha em que o rival Betis venceu por 4-2, na jornada 2 do campeonato de 1958/59. O autor do primeiro golo foi Luis del Sol, que em 1962 perdeu frente ao Benfica, pelo Real Madrid, a final da Taça dos Campeões Europeus.

4 – A entrada principal do estádio tem um mosaico concebido pelo pintor cordobês Santiago del Campo (falecido em 2015) aquando do Mundial 1982, em que o recinto foi uma das sedes e recebeu a meia-final entre RFA e França. Na obra estão representados os galhardetes de seis dezenas de clubes, entre os quais dois portugueses: Benfica e Sporting. Embora no caso dos leões a homenagem contenha um erro, já que o clube está com a designação S. de L. (Sporting de Lisboa). Em 2005, foi colocado noutra fachada um mosaico do pintor marroquino Ben Yessef, uma obra de arte que foi retirada em 2016 aquando da remodelação exterior.

5 – Este é o único estádio do país em que a seleção espanhola mantém um registo absolutamente invicto. Nos 25 jogos disputados no Sánchez-Pizjuán, ‘La Roja’ venceu 20 e empatou cinco. Desde o primeiro jogo, em 1961, ao mais recente, em 2015, o Sánchez-Pizjuán tem sido talismã. Ao contrário de outras regiões, como Catalunha ou País Basco, na Andaluzia, e em neste estádio, a seleção espanhola tem um forte apoio a ponto de nos anos 80 se alcunhar o público nas bancadas como «jogador número 12».

6 – O estádio homenageia na sua fachada dois antigos jogadores do Sevilha que morreram em campo. Antonio Puerta (falecido em 2007, com apenas 22 anos), que tem uma rua com o seu nome nas imediações, tem uma imagem gigante na porta 16, que era o número da sua camisola. Um tributo que em 2018 foi também feito, na porta 10, em memória de Pedro Berruezo, que se tornou o primeiro futebolista profissional a falecer subitamente em campo (em 1973, aos 27 anos).

7 – O último jogo de Diego Armando Maradona na Europa aconteceu no estádio do Sevilha num empate frente ao Burgos (1-1), a 13 de junho de 1993. «El Pibe» saiu aos 57 minutos de jogo e, depois de anos a brilhar por Barcelona e Nápoles, não voltou a pisar um estádio europeu num jogo oficial. Curiosamente, pelo formato das bancadas e fervor do público, o Sánchez-Pizjuán tem a alcunha de «Bombonera de Nervión», como o estádio do Boca Juniors, clube do coração de Diego.