Jonathan Barnett, presidente executivo da ICM Stellar, empresa que representa Gareth Bale, Grealish ou Camavinga, entre outros, inaugurou esta segunda-feira o seu primeiro escritório em Portugal. Foi dado a possibilidade ao Maisfutebol, assim como aos outros jornalistas presentes, de conversarem alguns minutos com o empresário britânico.

Barnett confirmou a saída de Bale do Real Madrid, falou sobre a adaptação de Grealish ao Man. City e dos valores exorbitantes que são pagos pelos jogadores atualmente. O agente teceu duras críticas à FIFA e à atribuição do Mundial 2022 ao Qatar e enalteceu a capacidade de Portugal desenvolver futebolistas talentosos.

PARTE II DA ENTREVISTA: 
«Bale vai sair do Real Madrid e o seu futuro depende se Gales vai ao Mundial»


Por que razão decidiu abrir um escritório em Portugal?

Jonathan Barnett: As mulheres são bonitas (risos). Próxima pergunta (mais risos). A minha empresa especializa-se em juventude. Gostamos de recrutar jogadores com 17 anos e acompanhá-los até se retirarem. Este país produz alguns dos maiores talentos do mundo e isso atraiu-me. Somos a maior empresa de agenciamento do mundo, temos escritórios em todo o lado e não fazia sentido não ter um aqui. 

Já há algum jogador que jogue em Portugal que pretenda juntar aos outros 44 que são representados pela Stellar?

JB
: Quero contratar jogadores todas as semanas, mas apenas os jogadores certos. Não quero jogadores que não se enquadrem na nossa ideia. Vou dar uma vista de olhos na lista do Jorge Mendes mais logo (risos).

O escritório fica perto das instalações da Gestifute. Como é a sua relação com o Jorge Mendes?

JB: Somos amigos. Ou éramos até hoje (risos). Somos amigos e conversamos. Não há nenhum problema.

O facto de o Mundial disputar-se em novembro pode afetar tanto o mercado de verão como o de inverno.

JB: É a mais ridícula decisão alguma vez tomada. É uma loucura. Estamos habituados a ver jogos ao sábado e ao domingo. De repente, vamos chegar a novembro e tudo vai parar. Depois os jogos começam em janeiro? Os resultados das equipas vão oscilar. Normalmente, há equipas que jogam bem nos primeiros jogos e depois vão perder terreno. Não vai ser real. Em Inglaterra joga-se 38 jogos, muitas vezes, duas vezes por semana. Isto será completamente diferente.

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JB: Não estive no Qatar, mas já estive no Médio Oriente e o calor é ridículo mesmo em novembro e dezembro. Por isso é que os jogos vão ser disputados à noite. Os adeptos querem ver os seus clubes durante o inverno e o Mundial no verão. Pode interferir com o mercado, veremos. Pode existir uma lesão de um jogador num Mundial e determinado clube ter de comprar outro em janeiro. 

Qual foi a história mais engraçada que viveu desde que iniciou a carreira como agente?

JB:
Tenho algumas, claro. Digo sempre que não é preciso ser um expert, mas é preciso perceber o futebol e como é que funciona. Há muitos anos, o meu parceiro deveria fazer um negócio, mas adoeceu e pediu-me ajuda. Já estava atrasado e esqueci-me de lhe perguntar o que é que ele tinha feito ou qual era a posição. Sentei-me a conversar com o presidente do clube e ele disse-me que estava disposto a pagar X pelo jogador. Respondei que deveria pagar Y. Ele perguntou-me o quão bom era esse jogador ao que eu respondi que nem sabia se ele era guarda-redes ou avançado (risos). Não fazia ideia. Mas acrescentei: 'Tu sabes a posição dele, o teu treinador e os teus scouts também sabem e querem contratá-lo. Se queres o jogador, tens de pagar isto'. Ele disse-me que eu tinha sido o primeiro agente a dizer-lhe a verdade (risos). E contratou o jogador.