A Cidade Berço já está em modo Jamor. A disputa da sétima final da prova rainha do futebol português, quatro anos após a conquista daquele que foi o primeiro troféu do clube, faz do jogo do próximo domingo o tema incontornável de conversa nas hostes vimaranenses.

Anseia-se por um bilhete de última hora e tentam fazer-se as últimas colocações nos autocarros. 220 ao todo, uma caravana com mais de duas centenas de autocarros que começa a partir de Guimarães rumo ao Estádio Nacional às primeiras horas do dia.

O dia promete ser longo, mas a ambição é que se prolongue o mais possível, sinal de que a Taça de Portugal percorreria os 375 km que separam o Estádio do Jamor e o Largo do Toural, principal praça vimaranense.

«Está tudo em posição de arrancar, preparados para uma grande festa e um grande convívio», atira António Lopes, presidente da Associação Amigos do Vitória, um grupo de apoio ao clube vimaranense que se dedica, essencialmente, à organização de deslocações.

«220 autocarros, mas pode aumentar»

Uma «caravana ímpar», refere o associado, sublinhando a ideia de que os autocarros partem quase exclusivamente de Guimarães em direção ao Jamor, ao contrário de outros clubes em que os adeptos saem de vários pontos do país e sem este nível de organização.

«Os Amigos do Vitória estão a fechar o 26.º autocarro, faltam cerca de dez inscrições», revelou António Lopes aquando do contacto com o Maisfutebol. «Sete foram preenchidos na nossa sede, os restantes saem de grupos distribuídos pelo concelho. Começam a sair às 4 horas da manhã, em vários horários, sendo que os últimos partem às 6 horas. É imperativo, as empresas têm indicações que os motoristas devem descansar as nove horas obrigatórias depois de parar no Jamor», adiantou.

Em contacto permanente com empresas de transportes, tendo inclusive autocarros de reserva no país vizinho, António Lopes acrescenta, como já foi noticiado, a perspetiva em relação ao número de viaturas. «220 é o número que está certo, mas pode ainda crescer. Estou em contacto com as dezanove empresas que fornecem autocarros, sei da existência de vários pedidos, pelo que este número aumentará certamente», assegura.

O líder da associação de adeptos destaca a proximidade com as autoridades no sentido de precaver incidentes: «Tenho estado em contacto com o Superintendente da Polícia de Segurança Pública de Braga, há a noção de que o parque atribuído aos adeptos do Vitória é manifestamente insuficiente. Por isso, o parque 3 será misto. Temos também alertado para o facto de muita gente viajar sem bilhete, o que merecerá especial atenção».

Casal já está a caminho de bicicleta

A contagem decrescente já começou a ser feita. Enquanto pelo Minho se vão ultimando pormenores e preparando farnel, dois adeptos que já estão a caminho. Pedro Abreu e Luísa Pereira casaram há cerca de ano e meio e estão a fazer o percurso entre Guimarães e Oeiras, os tais 375 km, de bicicleta.

A ideia começou a ganhar forma ainda no início da época, quase por brincadeira, com uma promessa de Pedro Abreu. «Prometi que se o Vitória fosse à final da Taça de Portugal ia de bicicleta. Não foi uma coisa muito pensada, foi mais por brincadeira, mas sempre ciente que era para cumprir». O Vitória foi avançado etapas até que em Chaves de se consumou o cenário da promessa.

O casal partiu na manhã da última segunda-feira e têm percorrido aproximadamente 70km por dia. «Quem percebe de futebol, repara nos adereços do Vitória e tem acompanhado os jornais sabe do que se trata e tem dado palavras de incentivo. Principalmente na zona do Porto, pediam para trazermos a taça», revela Pedro Abreu. 

Esta sexta-feira há nova etapa, a penúltima. Pedro e Luísa partem de manhã cedo da Nazaré em direção a Torres Vedras. O casal tem a chegada prevista a Oeiras no sábado, perspetivando pernoitar na mata do Jamor. «Cada dia é uma aventura. Primeiro o percurso era muito acidentado, ontem apanhámos trovoada, chuva, muito vento e também sol. Foi a parte mais complicada», mas vamos com a nossa missão, sendo que isso se ultrapassa fácil», diz.

O regresso a Guimarães está resolvido. Para as bicicletas é que ainda não há solução. «Em 220 autocarros alguma há de levar as bicicletas. Importantíssimo mesmo é nós chegar ao Toural no fim do jogo para festejar. Isso sim, é importante», suspirou Pedro formulando o desejo de conquista.

Ecrã gigante transmite jogo

Ainda em Guimarães, para os milhares que não se aventuraram a ir de bicicleta nem se vão deslocar ao Jamor, a festa está igualmente a ser preparada. Em articulação entre a Câmara Municipal e o clube será instalado um ecrã gigante na principal praça da cidade, no Largo do Toural. A exemplo do que aconteceu em 2013 o slogan das festividades, que terão animação dos três autores dos hinos do clube, têm como lema «O Toural é o nosso Jamor».

Ainda em Guimarães, ultimam-se pormenores sem conseguir esconder o nervoso miudinho. Os White Angels, claque oficial do Vitória, estão a pintar uma tarja com 18 metros de comprimento e 15 metros de largura que evidenciarão na bancada sul do Jamor. A exemplo do que sucedeu noutras alturas, é caso para deixar a tarja à saída da Cidade Berço. «O último que feche a porta».

Antes do Jamor, ainda em Guimarães, o primeiro passo é já esta sexta-feira. Os pupilos de Pedro Martins partem para Sintra, onde o clube vai ficar instalado, por volta das 14horas e nas redes sociais é partilhada a intenção de marcar presença no sentido de transmitir força à equipa.