*enviado-especial ao Brasil

Quase uma surpresa, mas, ao mesmo tempo, uma pequena desilusão. Escolha-se o lado a que se quer dar enfoque e estará feito o resumo do Bélgica-Argélia, um jogo que esteve longe dos melhores deste Mundial e que terminou com uma vitória belga por 2-1, num jogo em que esteve longe de convencer.

É verdade que foi dona e senhora do jogo durante quase todo o tempo, mas falhou na primeira demonstração de qualidade. Esperava-se mais desta equipa, que tanto prometeu na antecâmara do torneio e no próprio apuramento.

Um grupo que junta no mesmo onze homens como Hazard, Witsel, Lukaku ou De Bruyne e que se dá ao luxo de deixar no banco o salvador Fellaini tem de render mais.

Até porque, pela frente, esteve uma Argélia compacta, organizada, competente em vários momentos mas nada mais do que isso. Vahid Halilhodzic armou a sua equipa para suster uma pressão belga que nunca foi asfixiante, mas faltou criatividade no miolo para tirar partido de algumas oportunidades para o contra-ataque.

Com os «portugueses» Slimani e Ghilas no banco, coube a Halliche defender a honra da Liga nacional, visto que, do outro lado, também Defour ficou de fora. O central da Académica ficaria ligado ao golo do empate, numa mancha difícil de apagar.

Mas, antes, o rótulo que este jogo merece: chato. Salvo no final com a emoção de mais uma reviravolta no Mundial, o encontro deveria ter sido bem melhor em largos períodos. Culpa maior da Bélgica, pois da Argélia não se esperava mais do que aquilo que se viu.

Com um primeiro quarto de hora de dar sono ao maior viciado em café, o jogo só abriu um pouco quando a Argélia marcou. Penalti indiscutível de Vertonghen sobre Feghouli, que o próprio converteu. Festa enorme nas bancadas, já que a Argélia estava há muitos minutos sem marcar num Mundial: em 2010, por exemplo, não fez um.

Vitória saiu do banco

Acreditou-se que o golo poderia espevitar os belgas, mas a verdade é que, tirando duas tentativas de Witsel, ambas de fora da área, e um remate frouxo de Chadli, tudo parado por Mbolhi, nada mais a equipa de Marc Wilmots conseguiu.

Veio o descanso e com ele Mertens para o jogo. O médio da Lazio trouxe vontade, a equipa cresceu, esteve perto de marcar por Witsel, na única falha de Mbolhi no jogo, e novamente por Origi, que entrara para o lugar do apagado Lukaku, com o guardião africano a impor-se novamente.

O golo do empate só surgiu a vinte minutos do final. Dando início ao melhor período da Bélgica no jogo (pena que tenha chegado tão tarde), Fellaini, que entrara pouco antes, respondeu bem ao cruzamento de De Bruyne e empatou.

Justiça no resultado, já que a Argélia, para além do golo, teve apenas uma outra oportunidade, após canto, com Soudani a chegar atrasado a uma emenda ao segundo poste.

Halilhodzic socorreu-se de Slimani e Ghilas mas a Bélgica chegou ao triunfo num contra-ataque demolidor. Corte limpo de De Bruyne, passe de Hazard da esquerda para a direita e Mertens a vestir a capa de herói. Pontapé indefensável.

Salva a honra do convento, a Bélgica voltou ao estilo inicial para os dez minutos finais. Controlou, impediu que a Argélia respondesse à desvantagem e entrou a ganhar no Mundial. Não está mau, mas esperava-se mais.