O drama de Eriksen, as duas derrotas a abrir em casa, o adeus praticamente certo.

E, de repente, uma goleada à Rússia e vitória, agora frente ao País de Gales, com nova exibição sólida e permissão para sonhar.

Num ápice, a Dinamarca fechou um livro de terror, agarrou-se a um outro de uma temática mais agradável e tornou-se na primeira seleção a assegurar a passagem para os quartos de final do Euro 2020.

Que passeio! Que statement de autoridade neste sábado na Johan Cruyff Arena!

Mesmo sem Eriksen e o lesionado Yussuf Poulsen, a Dinamarca teve mais arte e organização e segue em prova com justiça cristalina.

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Teve também mais visão. Depois de um período inicial no qual os galeses se superiorizaram, sobretudo através de infiltrações de Gareth Bale da direita para o meio, os nórdicos equilibraram o jogo a partir do momento em que Christensen saltou da linha defensiva para o meio-campo.

O cronómetro não marcava mais de 15 minutos, mas aqueles dois remates de meia-distância da estrela do País de Gales bastaram a Kasper Hjulmand para identificar o perigo e anulá-lo com eficácia.

Aos 27 minutos, o 0-1 de Dolberg num belo remate de fora da área ainda não se justificava pelo que os escandinavos estavam ainda a anos-luz do futebol que praticaram a partir daí.

Foi como se o golo do avançado do Nice, no regresso à casa da ex-equipa (Ajax), tivesse servido de catalisador para uma exibição de encher o olho que terminou com uma tremenda goleada por 4-0.

A partir daí, a Dinamarca lançou-se em busca da glória perante uma seleção galesa altamente limitada.

Aos 45 minutos – pasme-se – já se ouviam olés na Johan Cruyff Arena, numa altura em que a vantagem mínima parecia não bater certo com um desequilíbrio de forças cada vez mais vincado.

O segundo dos dinamarqueses chegou aos 48 minutos. Sabe uma daquelas lições que se ensinam bem cedo?

Nunca cortar uma bola para uma zona central do terreno.

Neco Williams, lançado ainda na primeira parte para o lugar do lesionado Roberts, fez isso e entregou de bandeja o bis a Dolberg.

As contingências do jogo forçaram (finalmente) o País de Gales a ter mais bola.

Só que não basta tê-la. É preciso estar-se confortável com ela. E ter bola mais bola do que o adversário foi algo que nunca acontecera a Bale, Ramsey e companhia nesta prova.

Confortável, a Dinamarca tornou-se ainda mais vertical e o 3-0 chegou sem surpresa aos 89 minutos já depois de dois remates ao poste. Maehle, com tremenda facilidade, atirou de forma violentíssima para o golo que pôs termo, aos 89 minutos, à ténue crença de uns galeses de cabeça perdida.

Wilson, lançado à hora de jogo, viu o vermelho direto já em tempo de compensação depois de «varrer» Maehle apenas com esse único propósito e Braithwaite fechou a tarde com um golo inicialmente anulado por fora de jogo, mas corrigido pelo VAR.

A Dinamarca está nos quartos de final e aguarda pelo vencedor do duelo entre Países Baixos e Rep. Checa.

Que livro será este? Um conto de fadas?