Lage tinha garantido que o Benfica não ia ficar agarrado ao medo. O objetivo era marcar, obrigar o Eintracht a defender, mas só num curto período de tempo, no início da segunda parte, isso aconteceu.

Fejsa andou sempre agarrado apenas a tarefas defensivas – e mesmo nisso esteve longe do nível que já apresentou -, o génio de Félix demasiado agarrado à linha e faltou sempre clarividência nas saídas para o ataque.

Resumindo, foi uma equipa que pecou na organização defensiva e que quando teve oportunidade de atacar pareceu demasiadas vezes a improvisar. Quase à desgarrada.

Kostic deu o primeiro toque para deixar o Benfica fora de jogo

Tal como já seria de prever, o Eintracht Frankfurt entrou forte e a tentar reduzir a desvantagem. A pressão alemã, ainda que não se tenha traduzido em grandes oportunidades de golo, serviu para fazer a equipa de Bruno Lage tremer um pouco.

E isso percebia-se, sobretudo, na forma como os encarnados saíam em transição ofensiva, quase sempre com pouco critério. Além disso, como Seferovic mostrava dificuldades em segurar a bola na frente diante de três adversários, o Benfica passou quase toda a primeira parte a defender.

Contudo, apesar de ter passado a maior parte do tempo a defender, foram várias as vezes que a linha recuada dos encarnados foi apanhada fora de posição.

Numa delas, aos 37 minutos, após jogada de insistência do ataque alemão, Gacinovic rematou de fora da área, a bola bateu no poste e Kostic na recarga empurrou para o primeiro golo da partida.

Na repetição do lance, porém, percebeu-se que o avançado sérvio estava adiantado no momento do remate do colega, beneficiando da posição de fora de jogo para deixar o Eintracht a um golo de se apurar para as meias-finais da Liga Europa.

Bruno Lage terá reclamado disso mesmo e, na sequência dos protestos foi expulso pelo árbitro da partida. Em desvantagem no jogo, e com o público alemão a empurrar o Eintracht, os jogadores do Benfica pareceram algo desnorteados e o intervalo foi a melhor notícia que podia surgir para o lado português.

Rode e bota-fora

Apesar de estar privado de poder ouvir as indicações de Bruno Lage no balneário, a equipa do Benfica entrou muito melhor na segunda parte.

Logo a abrir, esteve perto de marcar como nunca estivera nos primeiros 45 minutos. Numa arrancada de Félix pela esquerda, a bola levava a direção de Rafa e na aflição de a tirar dali, Falette quase fez autogolo.

Era um bom sinal. De longe, o melhor até então.

E foi o sinal que iluminou o melhor momento do Benfica na partida. Durante dez minutos, foi mesmo a equipa alemã que se viu encostada à defesa. Pouco depois do lance de Félix, um belo passe de Samaris morreu nas mãos de Trapp, após cabeceamento fraco de Seferovic.

Só que após dez minutos de maior domínio dos encarnados, o Eintracht reagiu. E ficou muito próximo do golo, numa lance em que Gacinovic bateu Fejsa facilmente e rematou em arco para defesa enorme de Vlachodimos.

Dado o aviso, seguiu-se o golo de Rode e o consequente bota-fora do Benfica na Liga Europa.

Mais uma vez, a linha defensiva do Benfica não fica muito bem na fotografia e, perante o desnorte notório, Rode recebeu à entrada da área e rematou, desta vez sem hipótese para Vlachodimos.

O Benfica passava a precisar de marcar para não ser afastado, e do banco saltaram Pizzi, Jonas e Salvio, este, dois meses depois da última aparição.

 Só que raramente a equipa portuguesa teve discernimento para ferir o adversário. A melhor e derradeira oportunidade foi um remate de Salvio ao poste, a cinco minutos dos 90m.

Mas foi pouco. O Benfica acabou engolido pela ansiedade de marcar, faltou-lhe discernimento e o adeus à Europa consumou-se mesmo em Frankfurt.

Portugueses a festejar, só mesmo Gonçalo Paciência, que entrou a 15 minutos do fim, bem a tempo de festejar com os companheiros a chegada às meias-finais de uma competição europeia, algo que o clube não conseguia desde 1980.