O Santa Clara atirou o FC Porto para fora da Taça da Liga, um feito enorme e alcançado no fim de uma vitória por 3-1. Balde de água fria para a equipa de Sérgio Conceição, que não soube contrariar a estratégia dos açorianos e que foi muito perdulária no capítulo da finalização.

Mas indo ao filme do jogo. Foi um belo final de tarde nos Açores. O sol reluziu e os adeptos compareceram à chamada, apesar de ser um dia de semana.

Dentro das quatro linhas, o FC Porto entrou forte: logo aos 3 minutos, chegou o primeiro aviso. Nanu arrancou pela direita, assistiu Fábio Vieira, que, contudo, apesar de ter espaço na área, não conseguiu acertar com o remate.

Na fase inicial do encontro – e apenas nessa fase - ninguém deu pelas alterações na equipa azul e branca. Sérgio Conceição mudou dez jogadores e apenas repetiu a presença de Marcano em comparação com jogo frente ao Tondela. Os dragões entraram decididos e criaram várias investidas perigosas junto da baliza contrária. Mas foi sol de pouca dura. Com o passar dos minutos, o Santa Clara, após aguentar o ímpeto inicial, subiu no terreno e começou a disputar a posse bola.

Aos 17 minutos, após um canto, Sagna desviou ao primeiro poste e Chindris, sozinho na área, rematou para o fundo das redes portistas, num excelente movimento técnico. Azar para os portistas, num lance em que estavam com menos um elemento porque Grujic estava a ser assistido. Estava feito o 1-0.

O golo deu confiança à equipa da casa. O Santa Clara não teve medo de jogar olhos nos olhos e de disputar o jogo em toda a largura do terreno frente ao FC Porto. Ao longo do primeiro tempo, a equipa açoriana soube perceber quando tinha de recuar e tapar os buracos e quando tinha oportunidade de sair em contra-ataque.

Os portistas, por seu turno, tiveram muitas dificuldades em penetrar na ‘muralha’ defensiva açoriana. Com dificuldades em chegar com a bola controlada até à área contrária, o FC Porto só conseguiu criar perigo através de remates de fora da área ou em lances de bola parada. Aos 38 minutos, Fábio Vieira colocou Ricardo Fernandes à prova através de um livre direto.

Insatisfeito com o que via, ao intervalo, Sérgio Conceição colocou em jogo Sérgio Oliveira, Otávio e Luís Díaz e a equipa subiu de rendimento.

Aos 51 minutos, Luiz Díaz, após uma excelente combinação atacante, sozinho na área, dispôs de uma excelente ocasião para marcar, mas, na cara do golo, atirou por cima. Cinco minutos depois, nova oportunidade de golo. Desta vez foi Toni Martinez, que já na pequena área, atirou por cima da baliza insular.

Nessa fase do jogo, o Santa Clara foi ingénuo devido à sua obsessão em sair com a bola controlada desde o guarda-redes. Com a pressão alta dos portistas, os defesas açorianos não tinham linhas de passe e acabavam por entregar a bola ao adversário.

O FC Porto carregou e colocou os açorianos em dificuldades. Nessa fase do encontro, os portistas não conseguiram chegar ao empate porque foram perdulários na finalização.

O Santa Clara, quando podia, esforçava-se por subir no terreno. Aos 65 minutos, os açorianos tiveram aquilo que o adversário não teve: eficácia. Erro de Mbemba e Ricardinho, com muita classe, driblou Marcano e bateu Marchesín. 2-0 para o Santa e vida complicada para o FC Porto.

A equipa de Sérgio Conceição ressentiu-se do golo sofrido e passou a lutar mais com o coração do que com a razão. O jogo tornou-se de parada e resposta: aos 75, depois de Allano não ter conseguido fazer o 3-0, foi Luís Diaz quem teve nos pés a hipótese de reduzir.

O FC Porto continuou a carregar e tantas vezes o cântaro vai à fonte que acaba por quebrar. Quem o quebrou foi Taremi, aos 83 minutos, que aproveitou um ressalto para aparecer isolado e reduzir a vantagem açoriana.

Os minutos finais foram de ansiedade. Até porque o árbitro deu mais sete minutos de compensação. A formação portista carregou e despejou bolas para a área adversária, mas os açorianos, com espírito de sacrifico, conseguiram aguentar. Mais do que aguentar: até marcaram. Aos 96 minutos, Nené foi à área fazer o 3-1 final. Um prémio que recompensa uma equipa que nunca tirou os olhos da baliza contrária mesmo quando esteve em vantagem.