Por Rui Pedro Paiva

O Boavista venceu o Santa Clara por 2-1, nos Açores, numa exibição onde os axadrezados foram mais inteligentes e aproveitaram uma exibição particularmente pouco inspira dos açorianos.

As duas equipas partiram para o encontro com dois pontos de diferença e com a ambição de regressar aos triunfos. Os açorianos, para o campeonato, somam quatro jogos sem vencer, depois de derrotas frente ao Benfica (na última jornada, por 2-1) e Sporting de Braga (2-0) e empates a uma bola com Vitória de Setúbal e Portimonense.

O Boavista, por seu turno, somou nas duas últimas jornadas da Liga as duas únicas derrotas do campeonato, ambas por 1-0, frente ao Vitória de Setúbal e FC Porto.

O Boavista entrou decidido a mudar esse registo negativo. Quando muitos ainda não tinham entrado no estádio e os que já tinham ainda não tinham aquecido as cadeiras, o Boavista já tinha chegado ao golo. Aos dois minutos de jogo, livre de Rafael Costa, bola na área, César e Stojiljkovic desviam, Marco defende por instinto, e na recarga, Neris inaugurou o marcador.

Três minutos depois, num lance quase a papel químico do golo, após livre de Rafael Costa, Ricardo Costa esteve a centímetros de ampliar a vantagem boavisteira.

O Santa Clara, apesar de algum desnorte, reagiu aos 11 minutos, com um remate forte, do meio da rua, de Rafael Ramos que saiu por cima da baliza à guarda de Bracali.

Os açorianos passaram a controlar a posse de bola e tiveram a primeira oportunidade clara de golo aos 15 minutos. Zé Manuel, após ressaltos na área na sequência de um lance de bola parada, em frente à baliza, rematou para defesa crucial de Bracali.

O Boavista manteve-se na expectativa, procurando o rigor defensivo e as saídas em contra-ataque. Os axedrezados, matreiros, numa recuperação rápida de bola, ameaçaram as redes insulares aos 19 minutos. Carraça, a meio do meio campo, rematou fortíssimo a meia altura com a bola a rasar a baliza de Marco.

Mas Carraça ainda ia testar mais uma vez o seu fortíssimo remate. E ia ter sucesso – com a ajuda preciosa de Marco. Aos 25 minutos, remate de fora de área, Marco tentou agarrar, mas acabou por entrar, ele e a bola, pela baliza adentro. Marco, normalmente bastante seguro, não quis socar e ofereceu um golo ao Boavista. Piu, piu, piu – ouviu-se no estádio de São Miguel. 2-0 para o Boavista.

O Santa Clara sentiu o golo e apesar de dominar a posse de bola, mostrava-se inofensivo. Inofensivos e desconcentrados. Os jogadores açorianos estavam especialmente desinspirados, com vários lances bizarros, como choques entre os jogadores e passes sem rumo, que espelhavam o desnorte da equipa.

Exemplo disso foi a perda de bola de Zaidu, no enfiamento da grande área, que permitiu remate de Heri, aos 41 minutos. Dessa vez, Marco agarrou.

O que valeu ao Santa Clara foi que Heri também não teve especialmente inspirado aos 44 minutos. Isolado na cara do guarda-redes, após grande passe de Rafael Costa, rematou fraco e muito longe do alvo.

Ao intervalo, João Henriques tirou Nené, um médio recuado, e colocou Lincon, de vocação ofensiva. E o Santa Clara entrou na segunda parte com outra vontade, com dois lances perigosos. Segundos corridos do segundo tempo, e Osama Rashid, entrou pela área e remate por cima. Aos 47, após canto, João Afonso cabeceou por cima.

FICHA E FILME DE JOGO

Mas, apesar de mais algum acerto, faltava agressividade aos açorianos, que jogavam no meio campo contrário, mas não conseguiam furar a barreira formada pelo Boavista. Rashid, aos 55, rematou forte, ainda fora da área, com a bola a passar perto da malha lateral.

O jogo desenrolou-se apático, com o Boavista recuado e agressivo, enquanto o Santa Clara não conseguia encontrar os caminhos da baliza adversária para criar oportunidades de golo.

E foi o Boavista que esteve mais perto do terceiro, por três vezes. Primeiro, aos 70 minutos, Heri isolado atirou ao lado. O mesmo Heri que aos 71 minutos, uma vez mais isolado, rematou para grande defesa de Marco. O mesmo Marco, que aos 73 minutos, fez uma excelente intervenção a negar o bis de Carraça. Foram momentos difíceis para o Santa Clara.

Foi preciso esperar até aos últimos dez minutos para ver o Santa Clara a ameaçar consistentemente a baliza adversária. Aos 80, Rashid, após defesa de Bracali a remate de Lincoln, teve tudo para fazer o golo, mas atirou ao lado. Um minuto depois, Lincoln, num remate cruzado, quase por acaso, esteve perto de fazer um golaço não fosse a grande defesa de Bracali para canto. Na sequência do canto, Schetinne cabeceou a centímetros do golo.

A insistência do Santa Clara iria trazer frutos. Aos 86 minutos, após canto de Lincoln, César atirou para o fundo da baliza.

O Santa Clara acordou tarde e o jogo acabou com uma vitória justa do Boavista.