Manhã muito animada para os lados de Pina Manique com um jogo com duas reviravoltas, um Casa Pia atrevido e um Nacional que conseguiu evitar um resultado embaraçoso no prolongamento. Os gansos, mesmo muito debilitados, cresceram na segunda parte e, liderados por Victor Gonçalves, antigo jogador do Nacional, levaram o jogo para prolongamento e chegaram mesmo a estar em vantagem. Os madeirenses ainda tiveram tempo para reagir e voltaram a virar o resultado, com um «bis» de Riascos a evitar uma eliminação precoce.

Apesar dos casos positivos de covid-19 que levaram ao adiamento do jogo já estarem praticamente todos ultrapassados, a verdade é que a equipa de Pina Manique praticamente não treinou nos últimos dias e houve mesmo jogadores que foram para o banco sem terem feito um treino na última semana. O treinador Filipe Martins admitiu mesmo, na antevisão do jogo, que ia aproveitar o jogo desta manhã para dar ritmo aos seus jogadores para o próximo desafio com o Desp. Chaves. A verdade é que os gansos aqueceram na primeira parte e foram uma enorme dor de cabeça para os madeirenses na segunda, mas já lá vamos.

O Nacional também apresentou-se no relvado do Pina Manique com sete alterações, com Luís Freire a mexer em todos os setores, mas mesmo assim foi evidente a superioridade da equipa da Liga logo depois do primeiro apito de Luís Godinho. A equipa da Choupana assumiu as rédeas do jogo e partiu de imediato para o campo contrário à procura de um golo que abrisse caminho para a próxima eliminatória. A equipa da Madeira ganhava facilmente profundidade, principalmente pela direita, onde surgia um Ruben Freitas a fazer da ala uma verdadeira autoestrada para a área de João Bravim.

O Nacional acabou por instalar-se junto à área da equipa da casa, prova disso é que só nos primeiros vinte minutos, usufruiu de sete pontapés de canto. Rochez contou com uma oportunidade soberana para abrir o marcador, servido de bandeja por Koziello, mas o avançado hondurenho escorregou no momento do remate e a bola passou por cima da trave.

O Casa Pia, por seu lado, fechava-se bem e procurava jogar no erro do adversário para esboçar uma reação e a verdade é que Godwin surgiu, por duas vezes, em boa posição para rematar, mas atirou uma vez por cima e outra à figura de Piscitelli. Mas a verdade é que era o Nacional que estava por cima e, ao oitavo pontapé de canto, acabou mesmo por chegar ao golo, aos 28 minutos, de forma simples: cruzamento de Vigário e Alhassan, vindo de trás, sem marcação, cabeceou à vontade para as redes de João Bravim.

Um golo que traduzia bem a superioridade do Nacional em campo. Os madeirenses controlaram o jogo até ao intervalo e chegaram mesmo à dezena de pontapés de canto nos primeiros 45 minutos diante de um adversário que mostrava incapacidade física para reagir.

No entanto, os gansos voltaram com um espírito renovado para a segunda parte e Abdul Malik esteve muito perto de marcar logo no primeiro lance da etapa complementar. A equipa de Filipe Martins procurou impor um ritmo forte e conseguiu, por instantes, surpreender o adversário que sentiu tremendas dificuldades para afastar os gansos da sua área. Aos poucos, o Nacional, agora mais concentrado em gerir, conseguiu afastar o incómodo adversário da sua área e reforçou o modo gestão, procurando circular a bola, mas com pouco empenho na busca da profundidade.

Um erro caro para os madeirenses que voltaram a permitir novo crescimento do Casa Pia, agora liderado por um empenhado Víctor Gonçalves, a querer mostrar valor diante da sua antiga equipa. Os madeirenses procuravam deixar o tempo passar, mas acabaram surpreendidos, a dez minutos do final, com Victor Gonçalves a descer pela esquerda e a cruzar para a finalização de Godwin com um remate cruzado. O Nacional ainda tentou recuperar a vantagem, mas o melhor que conseguiu foi um remate de Gorré devolvido pela trave.

O jogo foi mesmo para prolongamento e o Casa Pia passou mesmo para a frente da eliminatória, com mais uma entrada fulgurante e um golo do incontornável Víctor Gonçalves, na sequência de um canto de Medeiros. Um golo que fez soar o alarme no banco do Nacional. Luís Freire esgotou as substituições e os madeirenses voltaram a virar o resultado antes do final da primeira parte do prolongamento, com um bis de Riascos, primeiro com um remate cruzado, depois com uma cabeçada.

A eliminatória arrastou-se mesmo até ao final dos 120 minutos, com o Casa Pia a ameaçar novo empate, com destaque para um pontapé acrobático de Platiny que passou a rasar o poste.

O Nacional acabou por ser mais feliz diante de um adversário que mostrou em campo que tem mais de uma vida.

FICHA DO JOGO

Estádio Pina Manique, em Lisboa

Árbitro: Luís Godinho

Assistentes: Valter Rufo e José Luzia

4.º árbitro: Hélder Nunes

CASA PIA: João Bravim; Marvim Martins (Djoussé, 105m), Nermin Zolotic, Kelechi John e Derick Poloni; Victor Ferreira, Thiago Batista (Vítor Gonçalves, 66m) e Sávio Figueiredo (Jefferson, 105m); Diego Medeiros (Bruno Silva, 105m), Abdul Malik (Platiny, 71m) e Saviour Godwin.

NACIONAL: Piscitelli; Ruben Freitas, Júlio César, Rui Correia e Vigário (Lucas Kal, 90m); Danilovic (Bobál, 99m), Alhassan (Borges, 90m) e Koziello (Azouni, 71m); Riascos, Rochez (Camacho, 64m) e João Victor (Gorré, 71m).

Ao intervalo: 0-1

Marcadores: Alhassan (28m), Godwin (80m), Victor Gonçalves (94m) e Riascos (104 e 105m).

Disciplina: cartão amarelo a Derick Poloni (33m), Kozielllo (44m), Júlio César (65m), Vítor Gonçalves (66m), Alhassan (76m), Djoussé (106m), Gorré (115m) e Zolotic (119m).

Resultado final: 2-3 (após prolongamento)