O encontro de domingo entre Ribeirão e Vizela, no Campeonato Nacional de Seniores, terminou ao minuto 73 devido à falta de jogadores na equipa da casa. O adversário vencia por uma margem confortável (0-3) no Estádio do Passal mas foi confrontado com um cenário pouco habitual no futebol.

Ao contrário do que aconteceu em outros casos do género, não foram expulsões em catadupa a precipitar o fim abrupto. Após o intervalo, o Ribeirão esgotou as substituições em doze minutos e foi perdendo vários elementos devido a problemas físicos. Até que atingiu o mínimo regulamentar de seis e o árbitro foi obrigado a terminar o encontro.

O vencedor não estava em causa mas o episódio levantou dúvidas: seria esta uma inusitada forma de protesto, depois de algumas queixas em relação à equipa de arbitragem na etapa inicial? Adriano Pereira, presidente do Ribeirão, garante que não.

«São coisas do futebol, infelizmente aconteceu connosco. Tivemos vários problemas físicos durante a semana, temos um plantel curto e jovem e resultou nisto, que não é normal. Felizmente, já estávamos a perder, se não era uma desgraça», diz o dirigente, em conversa com o Maisfutebol.

O Ribeirão, de qualquer forma, admite o desconforto pelo trabalho do árbitro Marco Gomes. Varela foi expulso com vermelho direto ao minuto 38 e o Vizela beneficiou de um castigo máximo em cima do intervalo, entre outras decisões que originaram protestos.

«Olhe, infelizmente aconteceu isto. Infelizmente ou felizmente! É estranho, é triste, na altura fiquei surpreendido mas entretanto até achei engraçado. Já que aquilo era uma palhaçada, fez sentido. Mas não tem lógica é pensarem que foi de propósito, não tinhamos nada a ganhar com isso, foi apenas uma infeliz coincidência», acrescentou Adriano Pereira.

Cláudio converteu a grande penalidade que permitiu ao Vizela ir para o intervalo com uma vantagem de três golos. O experiente central brasileiro não esperava o que se seguiu. «Sinceramente, não sei bem o que aconteceu e nunca tinha visto nada assim. Tenho 37 anos, jogo futebol desde os 10 e nunca, nem no Brasil nem em Portugal, passei por uma situação do género.»

«Não sei se houve intenção ou não, até porque iam fazer isso a troco de quê? Mas ver três substituições quase seguidas e depois quatro jogadores lesionados é muito estranho. Já estavam a perder 0-3 ao intervalo e se fosse pensar mal diria que tiveram medo de sofrer mais. Isso é um desabafo apenas, tenho muito respeito pelo Ribeirão, mas custou-me assistir à cena. Terminar o jogo assim custa a toda a gente, mesmo a nós, se bem que pelo menos chegámos mais cedo a casa», atira o defesa, em conversa com o Maisfutebol.

«Mal esgotaram as substituições, começaram a cair jogadores»

Cláudio salienta o enorme respeito que sente pelo Ribeirão. Ainda assim, encarou o cenário com estranheza. O treinador local fez três substituições entre os minutos 49 e 57. Entretanto, quatro atletas acusaram problemas físicos e foram obrigados a abandonar o terreno de jogo.

Os regulamentos proíbem que um encontro prossiga com uma equipa reduzida a seis elementos. «Se tinham jogadores lesionados...eram assim tantos? Para além dos quatro que foram caíndo, os três que saíram antes também estavam lesionados? É que senão tinha sido melhor tirar os outros. Mal esgotaram as substituições, começaram a cair os jogadores, um a um, e longe da bola, nem foi em lances com envolvimento deles.»

«Acho que é preciso respeitar as pessoas, sobretudo os adeptos que foram ao estádio. Vi até adeptos deles a protestar com o treinador, não acreditaram que foi por acaso. Alguns diziam que era uma vergonha, mas é certo que ninguém pode confirmar se foi de propósito», remata Cláudio.

O defesa brasileiro salienta que o Vizela regressou a casa com «a consciência tranquila» e diz que o árbitro decidiu bem os lances mais polémicos da primeira metade. «O jogador deles foi expulso porque deu uma grande pancada no Felipe, foi claro. O penálti foi por bola na mão, também me parece certo. Não houve problemas no trabalho do árbitro, aliás eu vi cartão amarelo na primeira parte e o outro central do Vizela também. Se nos quisesse favorecer, não fazia isso.»

Adriano Pereira, presidente do Ribeirão, frisa que não há relação entre o trabalho da equipa arbitragem e os problemas físicos dos seus jogadores na etapa complementar. Mas os locais ficaram com razões de queixa.

«O árbitro estava a fazer um trabalho vergonhoso, mas se fosse por isso já tínhamos atirado a toalha ao chão. Acho que é brincar com o trabalho das pessoas, o que se passou neste jogo foi lamentável. Já reuni anteriormente em Lisboa com Vítor Pereira e com Carlos Carvalho para denunciar as arbitragens no CNS mas acho que entretanto houve vingança de algumas pessoas em relação a isso. Devem ter dito algo como ‘vamos matá-los’. E pronto, este jogo foi só mais um exemplo», remata o dirigente.

O Vizela lidera a Série B do Campeonato Nacional de Seniores, com 22 pontos em 9 jogos. O Ribeirão está na 8ª posição (8 pontos) entre dez equipas.

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