O guarda-redes agora contratado pelo Sporting não se destaca apenas perante os remates dos adversários. Ele próprio tem um senhor pontapé. Palavra de Roy Hogdson. O inglês orientou Ricardo Baptista no Fulham e assistiu a um fenómeno invulgar. Aconteceu em finais de Abril. Durante um treino, e numa brincadeira, o português rematou o que parecia apenas uma bola mais. Mas não foi. Acertou em Litmanen e teve consequências.
Saiu directa à cabeça do internacional finlandês, antiga estrela do Ajax, e deixou-o de fora do confronto com o Manchester City. Roy Hogdson disse na altura que o avançado finlandês não recuperara do choque provocado pela violência do remate de Ricardo Baptista. Por isso ficou uma semana de baixa. «Litmanen é um tipo sem sorte», disse Hogdson. «O Ricardo tem um remate assustador. A bola parecia um míssil».
Logo na altura o Maisfutebol falou com Ricardo Baptista e percebeu que a potência do remate é uma característica inata. O guarda-redes garantiu que nem se tinha apercebido da gravidade do acaso infeliz. «Estávamos a fazer um exercício de jogo em que os guarda-redes tinham de colocar a bola do outro lado do campo», conta. «O Litmanen estava distraído, virou-me as costas e sem querer acertei-lhe na nuca».
A violência do remate atirou o finlandês de imediato ao chão. «Ele ficou algum tempo combalido, mas depois até voltou ao treino». O que é certo é que Litmanen não foi convocado no fim-de-semana. Aliás, desde que chegou ao Fulham em Janeiro ainda não se estreou pela equipa londrina. «Não sabia que tinha sido assim tão grave», sorriu Ricardo Baptista. «Foi um acidente. Só queria colocar a bola do outro lado do campo».
«Nunca quis ser um Higuita»
A potência do remate, de resto, não é uma novidade para o guarda-redes português. «Quando era miúdo gostava de jogar à frente e até marcava muitos golos. Sempre tive muita força no pé esquerdo. O treinador já comentou isso comigo, disse-me que era bom ter esta capacidade de remate, até porque em Inglaterra o jogo é muito directo e convém aos guarda-redes terem força para colocar a bola do outro lado do campo».
Com esta força, nunca lhe passou pela cabeça começar a marcar livres? «Nunca pensei ser um Higuita», diz Ricardo Baptista, soltando uma gargalhada. «Nos treinos de quinta-feira costumo ficar a marcar livres no fim, mas é na brincadeira. O David Healy gosta de ir para a baliza e trocamos de posição». E costuma ter sucesso? «Dou o meu melhor», sorri. «Até marco uns golitos, mas ele é um fragueiro».