Gama pode ser um nome vulgar se pensarmos na montanha-russa de nomes portugueses, mas se colocarmos o apelido no mundo do futebol o caso muda de figura. Começa-se pelo Augusto. Sim, chama-se Augusto Gama. Joga no Rio Ave, tem 34 anos, mas é conhecido por Gama. Este fim-de-semana, o veterano avançado alimenta a «esperança» de poder defrontar o irmão. Bruno Gama é um jogador hábil e que nos últimos dias tem treinado com o plantel principal do F.C. Porto, apesar de fazer parte da equipa B: «Tem 17 anos. Quando nasceu eu tinha a idade dele. Depois sinto que não vou ter mais hipóteses de defrontá-lo. Se não for no domingo, espero ter outra oportunidade pela frente», confessa ao Maisfutebol.
Os dados para a deslocação ao Dragão estão lançados. Mais do que irmão, Bruno também é afilhado. «É o irmão mais novo. Quando era pequeno, só queria bolas de futebol. Dei-lhe muitos equipamentos. Ainda hoje, em casa, quando vê uma bola tenta fazer várias fintas para lhe sair na perfeição. Quer aprender. Pode estar ali um futuro craque do futebol português», diz o capitão dos vila-condenses com uma pontinha de orgulho. Na época passada, Bruno Gama chegou a ser utilizado, com apenas 16 anos, na equipa principal do Sp. Braga, clube que o formou para o futebol. Esta época, não tem passado dos «bês» do F.C. Porto, porque ainda está numa fase de maturação e de aprendizagem.
O filme volta atrás de novo. «Poder defrontá-lo não é bem um sonho. Gostava mais por ele», diz o avançado do Rio Ave. «Era sinal que tinha sido chamado à equipa principal do F.C. Porto». Seria uma espécie de «orgulho». Mas a oportunidade vai aparecer. Seja agora, com o conjunto de Carlos Brito, ou com qualquer outro. «O Bruno é o craque da família. Está a começar, tem grande potencial, uma técnica apurada e uma personalidade muito forte. Não se deixa abater. Tem uma boa visão de jogo e tanto pode actuar nas alas, como extremo, ou a organizar jogo como o Rui Costa ou o Diego», explica o veterano futebolista, que tem sido importante na sua formação.
Motorista do irmão
O primeiro apoio é logístico: «Por vezes, vou buscar o Bruno ao Centro de Treinos do F.C. Porto, porque ele ainda não tem carta de condução. Outras vezes é o meu pai». Depois, por ter muitos anos de futebol, procura dar-lhe conselhos úteis: «Não sou dos que dizem que tudo aquilo que ele faz, faz bem. Tento corrigir certos aspectos. Mas também o incentivo muito». Isto dentro das quatro linhas. Na vida, as palavras são outras: «Dou-lhe conselhos em tudo. Ele tem 17 anos, podem haver um problema, pode ser mal influenciado, tento alertá-lo para que nunca caia em certas tentações típicas da juventude», sublinha o avançado do Rio Ave.
Mas a família Gama não se resume ao Gama que joga na equipa de Carlos Brito ou ao Bruno Gama que mostra as suas qualidades na equipa B do F.C. Porto. São cinco irmãos ligados ao futebol. «Os outros também jogam à bola. O Rui joga no Académico de Viseu; o José no Vilaverdense. O Feliciano, por causa de uma lesão, abandonou a carreira há dois anos depois de passar por clubes da III Divisão». O bichinho vem do pai. «Jogou nos juvenis e nos juniores do Sp. Braga e fez carreira no Vilaverdense. Os meus tios também andaram no futebol e até foram dirigentes. O gosto vem daí». Contagiou os primos. «Por exemplo, o Jorge Gama é meu primo, joga no Amares e já passou pelo Salgueiros e pelo Varzim».
De sorriso bem expresso no rosto, o veterano avançado do Rio Ave diz que «o futebol, se calhar, até é hereditário» na família tal é a quantidade de jogadores formados em série. «Sempre acompanhámos os nossos pais. Íamos ver o Sp. Braga contra os grandes, jogávamos na rua, porque no nosso tempo não havia computadores». Assim cumpriram o sonho de serem futebolistas.