Com o peso de uma «lanterna vermelha» presa aos pés, o Rio Ave deixou transparecer alguma ansiedade de somar pontos no campo de batalha. Era o interesse essencial da pequena multidão inquieta no Estádio dos Arcos.

A grande penalidade, a castigar falta de Éder sobre Mateus, baralhou os dados da partida. O Rio Ave ficou reduzido a dez, Carlos Brito prescindiu de Pateiro no meio-campo para a entrada de Gaspar, mas perdeu o homem criativo capaz de dirigir o jogo ofensivo da equipa. Claudemir fez o 0-1 e colocou a sua equipa em vantagem.

Mas, no entanto, o Nacional mostrou-se uma equipa forte no plano físico, segura dos seus gestos, com boa circulação de bola, apesar de não conseguir sentenciar um encontro que esteve quase sempre controlado. Para um candidato europeu, existiram muitas hesitações para fazer o 0-2. Pedro Caixinha voltava a ser um treinador de «primeira» e teve uma estreia negativa no «banco» insular. No confronto de possibilidades, o que poderia contrapor frente a um adversário sedento e cheio de alma?

Em todo o caso, a formação insular jogava de forma mais calma, sóbria e perspicaz, em todos os sentidos, exactamente o oposto do desenfreado Rio Ave. Esse era também, aparentemente, um dado que distinguiu as duas equipas com esquemas aproximados. O 4X4x3 dos vila-condenses olhava para o 4x3x3 do Nacional de um modo decidido, arriscado, subindo bem entre linhas, mas a torrente de futebol para a frente, que provocaram no sentido da baliza de Marcelo, não gerou logo resultado. Porque, mesmo na iminência do desastre, não reconhecia o perigo evidente de tal postura face ao contra-ataque perigosíssimo alvinegro liderado por Mateus.

Do lado contrário, na prática, Claudemir, Nuno Pinto e Luís Neto despachavam o perigo. Mas só precisaram de recuar mais uns metros no relvado e manter a atenção aos movimentos de João Tomás ou Yazalde.

No balanço da batalha, Nacional não sentenciou

Ambas as equipas concentraram as suas forças. Desmedidamente prudente, o Nacional pensava o jogo em termos estratégicos, esperando subitamente tirar partido da palpitação mais nervosa do adversário e do erro que pudesse cometer na galopante procura do segundo golo. Ou até mesmo de um lance inesperado nas descidas, com nervo, à área contrária. Faltou faro para redescobrir a fraqueza do adversário e sentenciar.

Os minutos passavam. E, por isso, Carlos Brito começou a enredar uma mudança na fileira «verde e branca». O treinador queria empatar ou ganhar este jogo, isso era certo, podia ver-se pela sua expressão no banco.

E tinha razão pela forma como a equipa jogava, ainda que a equipa infeliz não finalizasse com golos uma exibição cheia de vontade. Faltava esse passo. Não o encontravam, apesar do ataque mais organizado.

Sorte e mérito da «reviravolta»

Em todo o caso, o Rio Ave dispôs de uma maior variedade de lances de perigo, mas a equipa continuou a esbanjar ocasiões. O desespero aumentava nas bancadas. Carlos Brito fora assobiado por meter Jean Sony, mas o treinador mostrou que tinha razão.

O haitiano entrou e assinou um grande cruzamento para a cabeçada redentora de João Tomás (1-1). O golo da reviravolta, no cruzamento-remate de Christian Atsu chegaria pouco depois e seria a consequência da supremacia e a vingança de muitas derrotas anteriores. Um momento feliz, sem dúvida.

No fim, o sorriso triunfante significou tudo. O rosto da irritação dos adeptos transformou-se em entusiasmo. A equipa subiu ao 14.ª lugar, largando a «lanterna». Já, agora, como é que o Nacional perdeu este encontro?