O Olhanense conquistou um triunfo importantíssimo em Vila do Conde, graças a uma contagiante alegria ofensiva. Luta para não descer, mas joga como equipa grande, com olhos postos na baliza adversária. O Rio Ave permitiu a reacção forasteira, depois do golo de Vítor Gomes, e desnorteou-se no carrossel ofensivo da equipa de Jorge Costa (1-5).
Um jogo luminoso. É esta a melhor forma de descrever o embate entre Rio Ave e Olhanense, duas equipas perturbada pelos últimos resultados mas fiéis a uma identidade que faz falta ao futebol português. Mentalidade ofensiva, privilégio do ataque em contraponto às habituais cautelas e caldos de galinha entre os pequenos.
Carlos Brito e Jorge Costa, habituados a posições recuadas nas carreiras de jogadores, viraram o disco quando passaram para os bancos de suplentes. Curiosa realidade. Três avançados para cada lado, mais oito à espera de ordem de entrada em campo. Aqui fica o aplauso.
Com a mudança de hora, o dia nasceu mais cedo e trouxe o sol para o Estádio do Rio Ave. Os adeptos responderam ao apelo e contribuíram para o colorido generalizado. Duarte Gomes, vestido de amarelo, era o único a perturbar a harmonia. Alguns motivos de protesto, sobretudo no primeiro castigo máximo, após pretensa falta de Fábio Faria sobre Ukra (49m). Duvidoso.
Despertar mas pouco
O Rio Ave entrou melhor na partida. Ainda assim, viu Rui Baião rematar ao ferro da sua baliza, após excelente combinação entre Castro e Paulo Sérgio. Carlos atirou-se, agradeceu ao poste e sacudiu a bola para fora da zona de perigo (17m).
O Olhanense deu o sinal de aviso e despertou os locais. Um erro. A equipa de Carlos Brito cresceu, cresceu tanto que chegou ao golo em sete minutos. Bruno Gama falhou uma oportunidade soberana, convidando o flanco esquerdo a fazer melhor.
Ricardo Chaves aceitou o repto e libertou Sidnei, outro regresso à titularidade. O extremo brasileiro trabalhou de forma brilhante sobre Lionn e cruzou para a entrada de Vítor Gomes ao segundo poste. Cabeceamento à medida, sem hipóteses para Ventura (24m).
Os vila-condenses apresentavam-se sem os habituais laterais, Zé Gomes e Sílvio, devido a castigo. Carlos Brito recorreu a Wires e Valdir (o último jogo na Liga tinha sido há 25 meses!), mas estes não deram conta do recado. O centro da defesa também vacilou e o Olhanense iniciou a recuperação ainda antes do intervalo.
Perder o Norte
No último lance da etapa inicial, os algarvios chegaram ao empate. Lionn bombeou a bola para a área contrária, Djalmir ganhou espaço e lançou o improvável Tengarinha no limite do fora-de-jogo. Já passava do minuto de compensação, filme repetido da véspera. O defesa aproveitou e marcou.
Esse balde de água fria teve efeitos catastróficos para o Rio Ave. A equipa voltou dos balneários com sinais de perturbação e entregou os pontos após a grande penalidade assinalada por Duarte Gomes. Ukra, mais rápido que Fábio Faria, cai após pretenso toque do central. A distância não permite avaliar a intensidade do movimento. Duvidoso.
Djalmir, experiente goleador do Olhanense, bateu Carlos no castigo máximo. Tudo mudara no tabuleiro de jogo. Paulo Sérgio, um dos melhores na tarde de Vila do Conde, não deixou os locais respirar e desequilibrou em investida pela esquerda, possibilitando o bis do avançado brasileiro. Ao minuto 56, acabava-se a esperança nortenha.
Os golos de Yazalde (83m) e Rabiola (92m) confirmaram o cenário de escândalo. Desfecho pesado, premiando a ousadia de Jorge Costa. Terminou o jogo com três avançados, mesmo em inferioridade numérica, e recolheu dividendos.