Ted Murphy, um antigo capitão da Força Aérea dos Estados Unidos, era um dos maiores especialistas do exército americano em engenharia aeronáutica.

Chamado a resolver um problema técnico num sistema que testava os efeitos da desaceleração rápida das aeronaves nos pilotos, apercebeu-se que não era apenas um pormenor que estava mal: tudo o que podia estar errado, mesmo que à primeira vista não parecesse, estava mesmo.

Para o imaginário da cultura ocidental, este episódio ficou conhecido como a «Lei de Murphy». E aplica-se que nem uma luva ao atual momento do Sporting.

Tudo o que pode correr mal ao leão... corre mesmo. Depois de já ter caído na Taça de Portugal (aos pés do Moreirense) e na Liga Europa, os leões ficaram praticamente afastados das meias-finais da Taça da Liga, com uma exibição fraquíssima em Vila do Conde.

O Sporting perdeu por culpa própria, mas neste tipo de situações há uma tendência um pouco injusta de apontar o dedo à equipa grande que é derrotada.

No caso do jogo de Vila de Conde, é da mais elementar correção sublinhar os méritos do Rio Ave. Equipa organizada, com bons valores individuais e uma bela dose de autoestima.

Animada com a possibilidade de derrotar o leão, a formação de Nuno Espírito Santo começou cedo à procura do golo. Tope, Vítor Gomes e Del Valle somaram remates intencionais e deram muito, mas muito trabalho a Rui Patrício.

O guarda-redes leonino, que foi titular num sinal de que Vercauteren queria mesmo pôr a Taça da Liga como prioridade, assinou exibição de grande nível na primeira parte: e só assim o Sporting conseguiu chegar ao intervalo sem estar a perder.

Jesualdo deve ter posto as mãos à cabeça

Mas voltemos à Lei de Murphy. Ela perseguiu o leão a noite toda, em Vila do Conde. Primeiro com a lesão precoce de Cedric. Depois com a expulsão de Eric Dier (justamente o substituto do colega lesionado), em lance que resulta de entrada dura, mas escusada.`

À beira de um ataque de nervos, o leão não aguentou tantas contrariedades. O Sporting apareceu no segundo tempo desanimado e pouco confiante. Em contraste, o Rio Ave crescia a olhos vistos e o golo adivinhava-se.

O resto era previsível: com um Sporting em inferioridade numérica e um Rio Ave de peito cheio, os golos sucederam-se. O resultado final só não mostra uma goleada com tons históricos porque Patrício foi mesmo enorme entre os postes.

A assinar uma época bem interessante, o Rio Ave mereceu a vitória e voltou a avisar que merece ser olhado com redobrada atenção.

Quanto ao Sporting, Jesualdo Ferreira, que assistiu nos camarotes, deve ter levado as mãos à cabeça. Que herança, professor!