Um colorido imenso que ganhou alma na voz de mais de seis mil almas, que aproveitaram a borla na entrada para quase encher o estádio vila-condense, não inspirou um jogo que foi pouco menos do que um enorme bocejo. Rio Ave e V. Setúbal protagonizaram um fecho de jornada pobre e desinspirado. Valeu que foi mexido.
No final o Rio Ave ganhou com um golo perfeito numa jogada de contra-ataque também ela perfeita. Um momento sem exemplo. Agostinho recebeu um longo balão e deu de cabeça para Niquinha, que lançou Gaúcho, o brasileiro libertou Milhazes para um cruzamento que Agostinho finalizou com um cabeceamento fulgurante. Perfeito.
Depois disso o jogo acabou. Demorou, por exemplo, trinta e três minutos até se ver um novo remate, de Niquinha e muito por cima da barra. E passaram trinta e sete minutos até se ver nova ocasião de perigo, num cruzamento de Bruno Ribeiro que deixou Binho e Carlitos soltos para um desvio que nenhum deles conseguiu fazer à boca da baliza.
Pelo que atrás se disse já dará para perceber como foi o encontro. Houve intenções atacantes, houve vontade de fazer melhor, houve esforço e dedicação, mas a desinspiração foi mais forte do que todas as boas intenções. O Rio Ave, pelo caminho, dominou sempre, do primeiro ao último minuto, e por isso conseguiu um triunfo justo.
Muita corrida para tão pouco futebol
Mesmo na segunda parte, quando Carlos Cardoso - que substituiu o castigado Hélio Sousa no banco -, fez três substituições em dez minutos, colocando Nandinho, Sougou e Hélio Roque para agitar completamente a equipa, o V. Setúbal não contornou o desânimo provocado provavelmente pela falta de motivação. Não impediu, por isso, o adversário de ser mais forte, de jogar mais e de criar mais ocasiões de finalização. A vitória justa permite ao Rio Ave afastar-se para já três pontos da linha de água e voltar a respirar melhor na luta feroz pela fuga à despromoção. João Eusébio continua a fazer um pequeno milagre, sendo que só ainda perdeu com o Benfica.