Foi um triunfo justo de um Rio Ave com bons argumentos ofensivos e um grande guarda-redes.
Mas foi, também, um resultado enganador, se olharmos para a forma como o V.Setúbal tentou, até ao fim, recusar o destino.
O Rio Ave começou muito forte, imprimindo um ritmo intenso e dinâmico ao seu processo ofensivo.
Com os laterais muito subidos, a equipa da casa encostou o V. Setúbal às cordas e não demorou a criar perigo.
Foi num desses lances que Lionn, lateral-direito que gosta de atacar, soube concretizar da melhor forma uma boa ação ofensiva com um remate seco, dentro da área. Estava feito o 1-0.
Parecia que este era apenas o início para uma tarde descansada dos vila-condenses, perante um V. Setúbal tenro e defensivo.
Mas o resto da história não foi bem esse. É certo que nos minutos que se seguiram ao golo do Rio Ave, a equipa da casa poderia ter dilatado (sobretudo naquela bola que foi caprichosamente à barra). Só que a formação de Vila do Conde foi, minuto a minuto, caindo nesse pecado, geralmente mortal, de recuar no terreno e diminuir de intensidade, para gerir a vantagem.
Estratégia perigosa, já se vê, quando o resultado é só de 1-0 e do outro lado há uma equipa com qualidade.
Na fase inicial, essa qualidade sadina estava mais ou menos escondida pelo domínio vila-condense. Mas foi-se revelando, nas incursões de Rafael Martins pela esquerda ou nos remates de Sabino.
Depois de avisos pontuais, o último lance da primeira parte só não deu no 1-1 porque Salin assinou duas defesas fantásticas no mesmo lance.
A segunda parte começava com uma tendência para os sadinos acreditarem pelo menos no empate.
Mas eis que aparece um lance muito, muito polémico, que viria a definir o resto da partida: Vezo atrasa para Nélson Pedroso, mas a bola sai com força a mais, provavelmente energizada pelo vento que se fazia sentir. Pressionado pelo ataque vila-condense, Adilson vê-se na necessidade de defender. Ao tocar na bola, o árbitro assinala livre indireto dentro da área, considerando atraso ao guarda-redes. Muito discutível.
Na cobrança do livre, Terroso dá com o braço na área. Mais uma vez, não é claro que tenha sido lance para grande penalidade (o remate foi à queima roupa e a intencionalidade não é clara).
A verdade é que foi grande penalidade e Hassan não desperdiçou. O Rio Ave chegava a 2-0 e tudo passava a ser mais fácil para os vila-condenses.
O V. Setúbal recusou-se a morrer e ainda foi à procura da reviravolta improvável. Agora sim, o Rio Ave tinha razões para gerir.
Saber marcar e ter sorte a gerir
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