Os jogadores do União de Rio Maior, equipa da III Divisão (série E), vão entrar em greve de fome para «chamar a atenção» para os seis meses de salários em atraso, contou o capitão Bruno Militão ao Maisfutebol. A partir das 21.30 desta sexta-feira, e já depois de uma última refeição, o plantel vai concentrar-se junto ao Estádio Municipal e ali permanecerá até às 16 horas de domingo, início previsto do jogo com o Igreja Nova.
Exigimos respeito - Basta de mentiras - Temos família - Somos cidadãos - Apelamos à FPF e ao Governo é a tarja com cerca de quatro metros que vai ser erguida no exterior do recinto desportivo e que pretende, igualmente, alertar para as dificuldades vividas pela equipa nos últimos tempos.
«Vamos ficar ali até à hora do jogo. Se não houver resolução, que pode passar por uma proposta concreta, o que andamos ali a fazer? Pagar do nosso bolso ao clube de uma cidade que não nos liga nenhuma?», explicou Militão, assegurando que se tudo se mantiver na mesma não vão entrar em campo, até porque «sem comer não haverá condições físicas para o fazer», mesmo que isso implique a desclassificação do clube.
«Isto do futebol amador é uma treta. Treinamos cinco dias por semana e jogamos ao domingo, qual é a diferença? É só em termos de contrato. Somos menos protegidos que os jogadores profissionais», criticou o jogador.
Pelo meio do protesto do União de Rio Maior, realiza-se no sábado (17 horas) um jogo de selecções sub-19, entre Portugal e Dinamarca, de qualificação para o Europeu da Ucrânia.
«Se não aparecer ninguém agora, não aparecerá mais. Já chega! Caso contrário, para o ano haverá mais 20/25 jogadores a passar pelo mesmo», lamentou Militão.
Saturnino Esperto, antigo presidente do União de Rio Maior e membro da Comissão de Gestão em funções, reprovou, em declarações ao Maisfutebol, a decisão dos jogadores, que irá testemunhar in loco.
«Não fomos nós a criar esta situação. Eles também foram coniventes. Só em Março disseram que não recebiam desde Dezembro. Ninguém sabia. Se calhar era uma situação que lhes interessava. Nós nunca lhes prometemos nada», afirmou.
Para o dirigente será muito difícil encontrar uma solução em tão pouco tempo. «Não posso fazer milagres. As dívidas à Segurança Social, às Finanças e à Desmor [empresa municipal] estão pagas, pelo que o dinheiro que recebermos entretanto do protocolo com a Câmara dará para lhes pagar mais dois/três meses», garantiu.