O Saragoça confirmou que o presidente do clube, Agapito Iglésias, participa no fundo, ou na sociedade, que adquiriu Roberto ao Benfica por 8,514 dos 8,6 milhões totais da transferência. O clube espanhol, segundo informação do Benfica, paga apenas 86 mil euros. A entidade em questão chama-se Zaragoza Sport Arena XXI.

O nome do comprador dos direitos económicos de Roberto foi avançado pelos jornais «Diário Económico» e «Sol» e confirmado pelo Maisfutebol. Trata-se de uma «sociedade limitada», criada em 2006 e que é apresentada nos directórios empresariais espanhóis como tendo por objecto social «a aquisição, venda, reabilitação e exploração de bens imóveis», a «construção de edifícios» e ainda a «aquisição, alienação e exploração de acções de sociedades anónimas desportivas». Terá sido adquirida pelo actual presidente do Saragoça ao seu antecessor no clube.

«O senhor Agapito Iglesias participa neste fundo, mas não queremos revelar nada mais, porque não é normal. É um mercado em que há investidores dispares e devemos respeitar o seu direito à confidencialidade», disse um porta-voz do Saragoça ao jornal «El Pais», a propósito do negócio que deu tanto que falar em Portugal e em Espanha.

Se o Benfica teve as acções suspensas e teve de dar por duas vezes informações adicionais à CMVM, o Saragoça viu-se forçado a dar explicações aos jogadores, com quem tem dívidas no valor de 14,489 milhões de euros, segundo o «El País», bem como a emitir um comunicado a explicar a sua política desportiva.

O Saragoça, com dívidas totais de 134 milhões, está sob administração judicial e viu a Liga espanhola recusar juntar-se ao convénio de credores do clube. Na prática, isso quer dizer que a Liga não aceitará acordo do clube com os outros credores, que prevê o pagamento de 50 por cento das dívidas em oito anos. «Decidimos não aprovar o convénio porque estamos em desacordo com a forma como o Saragoza actuou em relação com os parâmetros que a LFP estabeleceu para estas situações», diz José Luis Astiazarán, presidente da Liga espanhola, citado pelo «El País».

Diz o Saragoça, num comunicado publicado no seu site oficial, que as suas prioridades são sanear a situação económica e «construir o melhor plantel possível apesar das dificuldades». «Para isso só há três opções», defendem os responsáveis do Saragoça: procurar jogadores livres, absorver jogadores cedidos por outros clubes ou «recorrer a terceiros, geralmente fundos de investimento especializados, para que sejam eles a arriscar a ajuda financeira necessária para poder materializar estas contratações de jogadores com experiência, sem comprometer o saneamento das contas do clube». «É uma prática habitual em equipas de todo o mundo e um sistema especialmente vantajoso para o Saragoça nesta altura», defende o clube.

Quanto aos jogadores, depois da perplexidade, manifestada na terça-feira por Uche («É normal que esta contratação seja comentada por nós. É uma fórmula que nos surpreendeu a todos. Não percebemos como se faz algo assim»), pediram uma reunião com o presidente. Na quarta-feira, depois da conversa com o presidente, o capitão Leo Ponzio garantiu que estava tudo esclarecido e «resolvido».

(Artigo actualizado)