Já foi o melhor jogador do Mundo (a FIFA concedeu-lhe esse estatuto por dois anos seguidos, em 2004 e 2005) e muitos achavam que já tinha perdido condições de se bater entre os melhores.

Mas Ronaldinho Gaúcho parece mesmo ter várias vidas e encontroun no Atlético Mineiro um último fôlego para provar, mais uma vez, que é um predestinado.

A aposta no Galo foi, na altura muito discutível, mas tem-se mostrado certeira na recuperação de Gaúcho como jogador de alto nível.

Ronaldinho foi decisivo na maior conquista da história do Atlético Mineiro, quando o conjunto de Cuca venceu, de forma épica, a final da Libertadores, recuperando de desvantagem de 0-2 trazida da primeira mão em Assunção, frente aos paraguaios do Olimpia.

A qualidade renascida de Gaúcho, aos 33 anos, até fez despertar o interesse de clubes europeus no fecho mercado de verão.

O Besiktas, da Turquia, fez várias diligências, nomeadamente junto do irmão de craque, Assis Moreira, e terá avançado com proposta de 12 milhões de euros.

Mas Ronaldinho resistiu ao interesse europeu e preferiu ficar no At. Mineiro, onde soma boas exibições e golos de encantar (recentemente, foram mais dois tentos de encher o olho, frente ao Fluminense).

A proximidade do Mundial de Clubes, a realizar em dezembro em Marrocos, terá sido também um aliciante para Gaúcho decidir ficar no Galo.

Seria de esperar que, aos 33 anos, Ronaldinho atingisse este nível? Rui Malheiro, especialista em futebol internacional e analista da plataforma mundial «WyScout», observa: «Hoje, é mais fácil dizer que sim. Mas é bom enquadrar o regresso de Ronaldinho ao Brasil e perceber que nunca existiu um eclipse, uma ideia que se criou de forma errónea. Em 2009/10, a sua última temporada completa no futebol europeu, teve uma consistência ao nível das melhores épocas no Barcelona: 12 golos e 18 assistências em 31 jogos significam que foi determinante em metade dos golos dos rossoneri nesse exercício. Aliás, a sua ausência da convocatória para o Mundial 2010 foi a decisão mais criticada de Dunga, o que se agravou com a sua presença na lista de jogadores de reserva para a grande competição. A época seguinte, já com Allegri como treinador, foi marcada por vários recados ao jogador através da imprensa. Se é certo que até começou a temporada como titular, a relação entre os dois nunca foi boa e os três jogos consecutivos em que só foi utilizado nos minutos finais ditou o ponto final numa relação conturbada. Por isso, foi sem surpresa que abandonou, a 1 de janeiro de 2011, o estágio que o clube estava a realizar no Dubai. Em um ano e cinco meses no Flamengo, venceu o Campeonato Carioca 2011 e foi decisivo para o 4º lugar do clube no Brasileirão 2011. No Atlético Mineiro, foi vice-campeão brasileiro em 2012, conquistando um sem número de prémios individuais, seguindo-se, este ano, os títulos Mineiro e da Libertadores, onde foi o jogador mais resolutivo da competição. Importa não esquecer que quando tomou a decisão de regressar ao Brasil, disse que o estava a fazer com o objetivo de disputar a Copa 2014: com Mano Menezes voltou ao Escrete e esteve presente nas primeiras convocatórias de Scolari. Tem 33 anos, mas continua a exibir-se num nível superlativo para o futebol sul-americano. O encontro com Guardiola, treinador que o dispensou de Barcelona, numa previsível final do Mundial de Clubes entre Bayern e Atlético Mineiro, é um ingrediente extra para o manter motivado, até porque a conquista do Brasileirão é impossível.»