30 de Junho de 2002, Yokohama. Um momento que os jornalistas que lá estavam não vão esquecer: a noite em que Ronaldo, recém-coberto de glória, pelos dois golos a Kahn que deram o quinto título mundial ao Brasil, chegou à sala de imprensa para a conferência mais bem-humorada da sua vida.

Poucos saberão como se sente alguém que acabou de marcar dois golos na final de um Mundial. É provável que dê vontade de rir. A Ronaldo, pelo menos, deu. E foi difícil retirar frases completas ao homem que tinha acabado de voltar ao topo do mundo. Por isso, um jornalista brasileiro decidiu, e bem, entrar no registo e retirar os últimos vestígios de seriedade à ocasião.

Perante uma plateia de brasileiros eufóricos, alemães sisudos e japoneses ultrapassados pelos acontecimentos, o jornalista fez a Ronaldo a pergunta que as circunstâncias recomendavam: tinha sido mais difícil todo o processo de recuperação, até vencer o Mundial, ou ficar 40 dias sem sexo desde o início do estágio?

Ronaldo, ainda com o célebre penteado à moicano, fez um esforço falhado para não se desmanchar a rir (talvez porque o pressuposto dos 40 dias de jejum fosse ingénuo, para dizer o mínimo) antes de alinhar na brincadeira: «Foram duas coisas muito difíceis. Mas, pelo menos, a gente vai fazer sexo daqui a pouco. E tenho a certeza de que por muito bom que seja, não será tão compensador como esta conquista». O tradutor preparava-se para a missão espinhosa de explicar aos japoneses a causa de tantas gargalhadas, mas Ronaldo não perdeu a oportunidade de bisar, também ali: «Quero só lembrar que o sexo muitas vezes nem é grande coisa, mas o Mundial só acontece a cada quatro anos. O sexo, a gente sempre pode tentar de novo em menos tempo.»