Para Fernando Santos, há uma linha que separa a polémica entrevista de Cristiano Ronaldo da Seleção Nacional.

E ela é tão grossa que, garante o selecionador, não tem qualquer impacto no grupo de trabalho, ainda que fora dele se debata mais sobre o momento do avançado do Manchester United do que do Mundial do Qatar, que arranca já no próximo domingo.

«Se a entrevista mexeu com o balneário? Não. Ainda ontem o João Mário respondeu a esta questão e é perfeitamente normal. Eu já cá estou desde 2014 e em qualquer conferência de imprensa há quatro ou cinco perguntas a ver com o Cristiano. Esta questão não tem nada a ver com a Seleção Nacional. Foi o jogador, o homem, que decidiu dar uma entrevista, como outros decidem. São coisas pessoais. Ele não fala, pelo menos que eu saiba, da Seleção Nacional. É uma entrevista dele: muito, muito pessoal, até. E temos de respeitar. Hoje fala-se muito na tolerância: tem de haver respeito pelo que os outros pensam e querem desde que não interfira no que pretendemos. Na Seleção Nacional não vi ninguém a comentar o assunto. Antes pelo contrário», disse em conferência de imprensa.

Depois disso, o selecionador nacional foi questionado se Ronaldo o informou e à Federação que ia dar uma entrevista, recheada de temas sensíveis, que será exibida a escassos dias do arranque da mais importante competição de futebol do planeta.

E Fernando Santos respondeu... com perguntas. «Não tinha de falar. O Cristiano não é livre? As repercussões são lá fora, em todo o Mundo. Mas o que é que isso tem a ver com a Seleção Nacional? Em que é que isso afeta a Seleção Nacional? (…) A mim, o que interessa, é fundamentalmente o que se fala cá dentro. E nós só falamos na preparação para o Qatar. Isso não nos afeta rigorosamente nada. Foi uma decisão dele e temos de compreendê-la e respeitá-la.»

E foi também com perguntas que devolveu uma outra questão que lhe foi colocada sobre se sentia a obrigação de entregar a titularidade Ronaldo pelo passado que o capitão construiu na equipa das quinas. «Obrigado? Mas esta questão não é uma questão de obrigação. Que eu saiba, ninguém é obrigado a nada. Se me perguntar: ‘Por tudo aquilo que o Cristiano Ronaldo fez pela Seleção, acha que ele tem condições para ser titular?’ Se a pergunta for nesse sentido, acho que todos os jogadores que aqui estão na Seleção têm condições para ser titulares, incluindo o Cristiano Ronaldo: isso sim, 200 por cento Agora, não me parece que o selecionador tenha a obrigação de pôr a titular o jogador A, B ou C de princípio ou depois. Mal de mim se fosse o contrário», rematou de forma convicta.