Era uma quinta-feira, dia 11 de junho de 2009, e no futebol europeu não se falava de outra coisa: a transferência de Cristiano Ronaldo estava iminente para o Real Madrid e prometia revolucionar tudo o que se tinha visto até então.

Até que, por volta das 10 horas, saiu a confirmação, em forma de comunicado escrito em inglês.

«O Manchester United recebeu uma oferta simples, que é recorde mundial, de 94 milhões de euros por Cristiano Ronaldo, do Real Madrid. A pedido de Cristiano - que voltou a manifestar o desejo de sair - e após várias conversas com os representantes do jogador, o United aceitou dar autorização ao Real Madrid para falar com o atleta. A expectativa é que o processo esteja concluído até 30 de junho. O clube não faz mais comentários até ter mais novidades», podia ler-se na página oficial dos Red Devils.

A partir daí, o mundo entrou em ebulição. Toda a gente falou, toda a gente comentou, Cristiano Ronaldo tornou-se tema em vários países. «A contratação do século», titulava a Marca no dia seguinte na primeira página.

Michel Platini, presidente da UEFA, considerava que o valor envolvido na transferência era «uma soma astronómica» e «uma fonte de inquietação», Paulo Bento dizia que devia ser proibido pagar 94 milhões de euros por um jogador, Johan Cruijff acrescentava que ninguém valia aquele valor e Lazslo Boloni concordava com o neerlandês, mas abria uma exceção. «Só a minha mãe vale isso, ou talvez ainda um pouco mais», atirava.

Até a ONU veio a público avisar que o valor pago por Cristiano Ronaldo podia alimentar 8,6 milhões de etíopes durante meio ano ou financiar cerca de 520 milhões de refeições escolares.

Enquanto isso, Cristiano Ronaldo mantinha-se longe de tudo. Provavelmente sem querer saber do que se dizia dele.

O português estava de férias em Miami e divertia-se com Paris Hilton. Nessa mesma altura, saíram imagens de Ronaldo com a raínha da jet-set numa discoteca, em clima de romance, a trocar uns beijos, antes dos dois seguiram para casa da irmã de Paris Hilton.

Ora tudo isto só tornava o extremo, que era o Bola de Ouro em título, ainda mais mediático, num verão em que se transformou num tsunami.

Até o cinzentão Cavaco Silva acabou por comentar a transferência, para desejar boa sorte ao português e, claro, para criticar os valores do negócio.

«Gostava que Portugal fosse reconhecido não só pelo futebol mas também pela inovação, pela modernização tecnológica e pela sua competitividade», referiu o na altura Presidente da República, numa curta resposta feita a partir de Itália para todos os cidadões. Perdão, cidadãos.

«Máquina do tempo» é uma rubrica do Maisfutebol que viaja ao passado, através do arquivo da TVI, para recuperar histórias curiosas ou marcantes dos últimos 30 anos do futebol português.

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