Os americanos começam a gostar a sério do «soccer». Para o jogo deste domingo juntaram-se em praças e parques para assistir ao empate com Portugal e a ESPN (principal canal de desporto) fez uma cobertura televisiva à altura dos grandes eventos desportivos do país, como os jogos da NFL ou da NBA.

A emissão teve inicio uma hora antes do desafio começar em Manaus, sem recorrer aos habituais diretos com adeptos (como vemos em Portugal), mas fazendo análises táticas precisas com Alexis Lalas e Steve McManaman, para além de peças de lançamento narradas pelos atores Kiefer Sutherland e Jake Gyllenhaal. Os adeptos apareciam em imagens de contexto, a partir de várias cidades americanas, da praia de Copacabana ou até do Parque Eduardo VII, em Lisboa.

Os americanos estavam motivados e mostravam-no nas redes sociais, com o ator Patrick Stewart, o Capitão Jean Luc Picard, de Star Trek.

A ESPN faz tão bom trabalho, que a trinta minutos do jogo já dava o apuramento aos Estados Unidos, mas não contava que o jogo tivesse tanto tempo de desconto... 

Em Dallas eram muito os que aguardavam pelo jogo

Chegou o hino, aquele momento sempre recheado de emoção, com o «capitão» Clint Dempsey a não cantar. Alexis Lalas desejava um bom jogo a todos os que estivessem a ver.
Começa o jogo e os comentadores da ESPN lançam o mote: «Se empatarmos com Portugal já é bom, pois trata-se do quarto classificado no ranking da FIFA». Mas, logo aos cinco minutos, Nani abre o marcador, aproveitando um mau corte de Geoff Cameron, e os americanos levam as mãos à cabeça, nem que seja porque nunca viraram um jogo do campeonato do mundo.

Toda a primeira parte foi de sofrimento, com muitas oportunidades para os Estados Unidos, mas terminou com o remate ao poste de Nani e a enorme defesa de Tim Howard. O agradecimento foi generalizado, até porque o guarda-redes é muito respeitado no seu país.

O intervalo trouxe imagens de celebração em Lisboa e análise de Landon Danovan a partir de Los Angeles. «O futebol pode ser muito injusto. Contra o Gana devíamos ter perdido, mas contra Portugal devíamos estar a ganhar», frisou o experiente avançado que acabou por ficar de fora da convocatória de Jurgen Klinsmann. As estatísticas confirmam a evidência, mostrando que na primeira parte os americanos remataram mais vezes do que em todo o jogo com o Gana.

O início da segunda parte comprovou a tendência e logo aos 55 minutos Bradley aparece isolado, mas remata contra o joelho de Ricardo Costa. A reação do médio dizia tudo
O empate viria aos 64 minutos, por Jermaine Jones. E, como é normal, o relatador ficou em êxtase: «Falhou o Mundial de 2010 e teve de esperar quatro anos por este golo. Se tens de marcar o primeiro golo num campeonato do mundo que seja assim. Primeiro em mais de dois anos pelos Estados Unidos.

O pior para Portugal viria aos 81 minutos, com o golo de Clint Dempsey, o «capitão» América, o rapper Deuce, o homem que quase deu o apuramento aos Estados Unidos. A euforia justificada para os Estados Unidos.

Mas ninguém contava com aquele golo de Varela já nos descontos, que voltou a colocar Portugal no caminho do apuramento. «Faltavam segundos para acabar e o Ronaldo faz aquele cruzamento. O jogo todo sem dar nada e depois isto. Incrível», desabafa Alexis Lalas. A reação foi generalizada.


Quanto ao próximo jogo, bem... dependemos disto...


«Só na América» é uma rubrica do jornalista Filipe Caetano