Rui Vitória deu uma entrevista ao L’Équipe, durante a qual falou do seu futuro e das perspetivas de regresso aos bancos, tendo também sido questionado sobre o fenómeno Ruben Amorim. O jornal francês quis saber qual é a explicação para o sucesso do treinador do Sporting.

«A primeira explicação é que ele é um bom treinador. Depois, há a construção de uma equipa feita à sua imagem. Ele sabia muito bem o que queria e sabia como a construir. Por fim, há um vínculo muito forte entre ele, o treinador, e a estrutura diretiva, sobretudo o presidente», referiu.

«As pessoas sentem isso, que todos estão a trilhar o mesmo caminho, e tudo fica mais fácil. O Ruben Amorim mostra uma grande personalidade e aproveitou muito bem os erros cometidos pelas outras equipas. O Benfica perdeu gás na Europa, o FC Porto também e o Sporting aproveitou.»

O sistema tático de Ruben Amorim, assente a maior parte da época num 3x4x3, não é normal em Portugal, sobretudo em equipas de sucesso, mas Rui Vitória não se mostra surpreendido.

«Às vezes tudo vai junto: os bons resultados validaram esse sistema, e esse sistema permitiu ter bons resultados. Não é uma equipa que tenha sido sempre brilhante, mas existe uma boa ligação dentro da equipa, existe consistência e acreditam sempre que podem vencer, que vai correr bem.»

«As grandes equipas são aquelas que nem sempre se preocupam em fazer grandes jogos, mas que sabem ser muito pragmáticas. Pessoalmente, gosto quando a minha equipa é desinibida, leve, que ataque a competição de forma positiva», adiantou o treinador português.

«Ter uma equipa à vontade em campo é um verdadeiro prazer como treinador. E também é um prazer ver que a sua equipa confortável a defender. Ver essa alegria, esse prazer com ou sem bola, é a satisfação de um treinador.»

Por fim, o jornalista perguntou a Rui Vitória se era mesmo verdade que ele era bastante mais calmo do que Ruben Amorim, Sérgio Conceição ou Jorge Jesus. «Sim, eu controlo-me [risos]», respondeu. «Estou naturalmente calmo. Não significa que não sinta o stress da competição, mas posso controlá-lo. A ansiedade faz parte da nossa profissão, temos que conviver com ela.»

«Às vezes, claro, a equipa precisa de um técnico que se irrite no banco, pode acontecer. O treinador também tem de saber ser ator. Temos sempre que nos perguntar: o que minha equipa precisa para vencer? Não um ator no sentido pejorativo, mas vejam o Mourinho: em situações de conflito, ele fica calmo, mas quando sente a equipa demasiado relaxada, tenta a agitá-la.»