Na Ásia, Rui Esteves foi confrontado com hábitos de preparação bem diferentes daqueles a que estava habituado. 

Na Coreia faziam-se longos estágios, de três meses, e na China os contratos só tinham efeito a partir do momento em que um jogador passava um denominado «teste suicida». 

«Em Portugal, quando uma equipa faz um estágio de uma semana antes de um jogo, todos os jogadores reclamam. Na Coreia fazíamos três meses de estágio, num hotel no meio do mato em que só se via neve à volta. Só saíamos de lá para os jogos, regressando logo de seguida», diz o jogador. 

No resto da temporada faziam um treino diário «que por vezes tinha a duração de três horas», acentua Rui Esteves. 

Na China, o jogador encontrou hábitos estranhos de início de época, com os contratos a terem validade só depois de efectuados com aprovação uns testes em altitude: «A pré-época de todos os clubes chineses é feita sempre no mesmo local, num centro de estágio enorme situado a mais de três mil metros de altitude, com uns dez campos de futebol, três pavilhões, pista de atletismo, campos de ténis, piscinas e ginásio. Vão todas as equipas para lá ao mesmo tempo e durante o estágio jogam entre si. Entretanto são feitos os «testes suicidas», para se tornarem efectivos os contratos dos jogadores.» 

Os «testes suicidas», que são acompanhados em directo por todos os canais de televisão do país, constituem-se em provas de resistência física, compostas pelo teste de Cooper, no primeiro dia, e por uma prova de três mil metros no dia seguinte. Depois são feitas séries de provas curtas de velocidade (50 metros) em intervalos de trinta segundos, com os jogadores a não terem tempo para descansar. 

«O conjunto dos resultados dos três testes dá uma média final, que determina ou não a aprovação do jogador», diz Rui Esteves, com um ar satisfeito pelo seu sucesso na prova. «Se não passasse o contrato que assinei ficaria sem validade e teria que esperar seis meses para fazer de novo os testes», frisa.

J.H.