Desportivamente, o Rumah Cemara tem objectivos modestos. Até porque uma equipa formada apenas por atletas infectados com o vírus da SIDA não pode lutar com as mesmas armas que as restantes. Certo?

Errado. É precisamente este tipo de pensamento que Adit Taslim quer combater. «Muita gente não acredita que pessoas infectadas com SIDA possam fazer uma partida de 90 minutos de futebol, a um ritmo alto. Não somos craques, mas vamos provando que é possível», vinca. Por isso, para além de diversos jogos amigáveis, a equipa participa em vários torneios locais, sejam eles para doentes ou não.

Rumah Cemara: o futebol como arma contra a SIDA

«Somos os campeões em título do Campeonato Nacional de Toxicodependentes. É uma prova que se faz todos os anos, entre os centros de reabilitação do país. Vencemos em 2009 e 2010. Mas também jogamos contra outras equipas. Ganhamos dois torneios de futebol de rua, por exemplo», revela o responsável.

A fraca articulação dos campeonatos locais impede, para já, que a equipa possa participar numa competição federada. Exigia custos incomportáveis para quem apenas quer passar uma mensagem, explicam-nos. Mas, ainda assim, há um projecto ambicioso em mente.

«A Indonésia nunca participou no Mundial dos Sem-abrigo. Enviámos a nossa candidatura para representar o nosso país na prova que se vai disputar em Paris. Vamos ser a primeira equipa de futebol de rua formada por pessoas que vivem com SIDA, num campeonato do mundo», explica Taslim.

Fundar um campeonato próprio, na ilha de Java, é outro dos objectivos a médio prazo. Tudo isso, enquanto continuam a passar a mensagem de sempre: sim à prevenção, não à rejeição. «Queremos aumentar a qualidade de vida dos infectados e dos toxicodepentes, incluindo outras pessoas marginalizadas. Queremos acabar com o estigma e a descriminação contra nós», resume.



O apoio à causa do Rumah Cemara tem crescido bastante, fruto das relações estabelecidas. Mantêm contacto com as equipas adversárias e vão somando seguidores. «Nas redes sociais, os nossos apoiantes cresceram consideravelmente. Quanto mais pessoas receberem a nossa mensagem melhor para nós e, principalmente, melhor para o país. E fica, também, mais um indicador de como o futebol pode mudar a sociedade», conclui Adit Teslim.

Promoção à participação do Rumah Cemara no Mundial dos Sem-abrigo: