Emiliano Sala marcou um dos quatro golos com que o Bordéus venceu o Mónaco de Leonardo Jardim (4-1). Foi a estreia como titular para o argentino de 23 anos, que respondeu com o primeiro festejo pela equipa principal dos Girondinos.

A história deste avançado tem um capítulo curioso: na temporada 2009/10, Sala fez um jogo oficial pelo Futebol Clube do Crato, formação alentejana que disputava o Campeonato Distrital da Associação de Futebol de Portalegre.

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Maisfutebol partiu em busca de respostas: afinal, que fazia Emiliano Sala no futebol do Alentejo?

Luís Leandro, então jogador-treinador do FC Crato, esclarece a dúvida e reconhece que o talento do jovem era percetível à vista desarmada.

«O Maurício Vaschetto, argentino que jogava na equipa, disse que tinha um conhecido que era avançado e que queria vir para o Crato. O Sala apareceu e desde cedo percebemos que tinha um valor tremendo, embora ainda fosse jovem», começa por dizer.

Curiosamente, Maurício Vaschetto também é uma personagem interessante e despertou a nossa curiosidade em 2011.

O FC Crato tinha agora dois argentinos, ambos formados no Proyecto Crecer da Argentina, clube que tem um protocolo com o Bordéus.

«Nunca percebemos bem toda a história, mas o clube pediu a carta dele e chegou a inscrevê-lo. Ele esteve no Crato um mês e meio ou dois meses, fez alguns jogos amigáveis e apenas um oficial. Entretanto, veio dizer que tinha de ir embora, que tinha conhecido uma rapariga pela internet e que ia voltar à Argentina. Não sei se foi verdade, mas entretanto ele apareceu no Bordéus», recorda Luís Leandro.

Emiliano Sala, então com 19 anos, ficou por pouco tempo no Alentejo mas deixou a sua marca.

«Nos treinos, ele defrontava os centrais titulares, dois bons centrais, daqueles duros, mas ia para cima deles, batia, fintava-os, dava cabo de tudo. Foi o melhor avançado que vi na minha carreira, percebia-se logo que estava perdido no Alentejo», brinca o antigo jogador-treinador.

Em dezembro de 2009, o argentino fez o único jogo oficial pelo FC Crato. Um dérbi frente ao Gatefense, em que demonstrou toda a sua qualidade.

«Lembro-me bem porque eu fui logo expulso», conta Luís Leandro, acrescentando: «Mesmo assim, chegámos à vitória com dez jogadores. Tínhamos o Sala e isso era quase tudo. Marcou dois golos e vencemos por 4-0. Era de um nível superior, parecia o Mantorras, partia para cima dos adversários e decidia, pena ter ficado no clube tão pouco tempo».

Emiliano Sala despediu-se rapidamente, disse que iria voltar à Argentina por causa de uma rapariga mas apareceu mais tarde na equipa B do Bordéus. Em 2012, fez um jogo pelos Girondinos e seguiram-se dois períodos de empréstimo, onde demonstrou o seu potencial.

Com 23 anos, o avançado regressou ao Bordéus neste defeso e vai conquistando o seu espaço. Suplente utilizado na jornada inaugural, Sala surgiu no onze para a receção ao Mónaco e respondeu com um golo, na sequência de um castigo máximo. Os festejos chegaram à pacata vila de Crato.

«Claro que é um orgulho para o Crato, mesmo que tenha sido por pouco tempo. Eu vi que ele marcou e fiquei contente por recordar aquele período em que esteve connosco. Vai ficar para a história», remata Luís Leandro.