A Samoa Americana já entrou na história do futebol, apesar de ostentar o título de uma das selecções mais recentes do Mundo. Contudo, os jogadores da equipa nacional envergonham-se com a publicidade acumulada desde 2001, à custa de um enorme 31. Não de Liedson, mas sim de Austrália. 31 golos para os «Socceroos», 0 para a Samoa Americana, num jogo de qualificação para o Mundial de 2002!

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As imagens propagaram-se rapidamente. A selecção de futebol da Samoa Americana era motivo de gozo. A explicação urge. Pelos vistos, grande parte da equipa tinha ficado retida devido à falta de passaportes. O técnico Tunoa Lui colocou em campo um onze com jovens, uma média de idades a rondar os 19 anos. O mais novo tinha 15.

A força da Natureza leva jovens a fugir

«Sinceramente, ninguém entende o que aconteceu naquele dia. Não podemos falar apenas da falta de passaportes. Os que viajaram tinham pouca preparação, não podemos levar uma equipa que se conhece há um mês para jogar contra a Austrália. Eu ainda não estava na selecção, mas é um dia que não esquecemos, infelizmente», reconhece o actual capitão, Ramin Ott.

Futebol contra Yokozuna, Umaga e The Rock!

O inglês David Brand, antigo jogador do Wigan, terminou a carreira na Nova Zelândia e virou treinador. Esteve na Austrália, na Samoa e procura agora recuperar a confiança da Samoa Americana. Aqueles 31-0 que o precederam continuam a manchar a imagem da selecção: «Continuo a receber e-mails todas as semanas sobre esse jogo. É embaraçoso, mas temos de esquecer isso. Só temos dois jogadores na equipa actual que estiveram nesse encontro. Queremos seguir em frente, sem grandes ambições, mas dando o nosso melhor.»

«Se voltarmos a perder por 31-0, cavo um buraco enorme para me esconder! Mas não penso que isso volte a acontecer, sinceramente», atira o técnico.

A FIFA admitiu a selecção da Samoa Americana em 1998. Aquela qualificação para o Mundial de 2002 foi a primeira experiência. Bem dolorosa, por sinal. No apuramento para o Campeonato do Mundo de 2006, mais motivos para embaraço. Quatro jogos, zero pontos, 34 golos sofridos e apenas um marcado. Perder com a Samoa (0-4), o arqui-rival de sempre, foi especialmente devastador.

A qualificação para o Mundial da África do Sul chegou sem indícios de melhorias. As Ilhas Salomão marcam 12, logo no primeiro jogo. Ramin Ott consegue apontar o golo de honra da Samoa Americana (12-1), o único em mais uma fase de apuramento. «Fiquei maravilhado, foi a melhor sensação de sempre. Marquei contra a melhor equipa do grupo. A nossa selecção mereceu, jogámos até cair para o lado», lembra o médio, em declarações ao Maisfutebol.

O pior viria depois. A Samoa vence a vizinha Americana por 7-0. Vanuatu dobra a parada (15-0). Tonga fecha o cortejo, com números mais modestos (4-0). Não pode, nem deve, saber a vitória moral. Ainda há muito por fazer.

VEJA O AUSTRÁLIA-SAMOA AMERICANA (31-0)