O treinador do Santa Clara, Mário Silva, na flash interview à Sport tv, após a derrota em Alvalade, por 4-0:

«[Derrota não belisca a segunda volta] Fizemos uma segunda volta brilhante, os meus jogadores e, aconteça o que acontecer, serão sempre os meus jogadores, estão de parabéns apesar desta derrota, que é claramente responsabilidade minha. Aceitaram o que propusemos, estivemos juntos e a lutar contra tudo e contra todos. Este pré-jogo foi claramente o reflexo da nossa época: muita instabilidade. Infelizmente, notícias atrás de notícias antes de um jogo que, para mim, era mais um jogo importante, apesar de, em termos classificativos, estarmos em sétimo lugar e quero realçar que este sétimo lugar é o segundo melhor posicionamento na história do clube. Estes jogadores conquistaram um recorde, que foi, durante uma segunda volta inteira, não perder em casa e só perdemos com Sporting, Benfica e FC Porto. A história deste jogo resume-se em pouca coisa, tivemos uma boa primeira parte e o Sporting, na segunda, foi claramente melhor que nós e mereceu a vitória, que é justa. Parabéns ao Sporting.

Em relação a nós, terminámos a época não como queríamos mas com um objetivo que não tínhamos em mente. Se quiséssemos apostar, quando chegámos, que íamos terminar a época em sétimo, acho que quase ninguém apostava, até pelo contrário, se calhar pensavam que o Santa Clara ia descer de divisão e vejam como nós terminámos. Foi fruto de um enorme grupo de trabalho que levarei sempre no meu coração. Este fim de semana foi mais um muito difícil, somos todos humanos, temos sentimentos, emoções. Não foi fácil para ninguém, treinador, equipa técnica e o staff que trabalha connosco diariamente, termos visto as notícias que vimos e ter-se passado o que se passou durante esta semana e principalmente agudizado neste pré-jogo.

[Notícias sobre os novos investidores e direção do Santa Clara? Sai do comando técnico?] Pelo que tenho lido, porque infelizmente não temos informações oficiais, é isso que vai acontecer. Quero dizer o seguinte e dar uma palavra muito forte aos açorianos e aos adeptos do Santa Clara, dizer-lhes que foi um prazer enorme ser acarinhado por eles e será sempre um prazer enorme e levarei sempre no meu coração os adeptos do Santa Clara. Desde que cheguei até hoje, sempre me apoiaram e acarinharam.

O que se passou nesta  semana foi algo que achamos que é difícil acontecer no futebol. Foi-me proposta há muito tempo a renovação. Sempre disse que só renovaria quando estivéssemos matematicamente safos, garantida a manutenção. Começámos a falar, acordámos tudo e, desde há uma semana, que só falta a assinatura do responsável e que foi adiando de dia para dia até ontem, que era o red line, dado por ele mesmo e não assinámos contrato. Sempre demonstrei, em todas as conferências de imprensa, uma vontade enorme de continuar no Santa Clara, se não continuo no Santa Clara a responsabilidade não é minha, porque tínhamos chegado a um acordo pelos administradores do clube, nomeadamente o presidente. É com tristeza que isto aconteceu mas quero deixar uma palavra de apreço às pessoas que trabalharam comigo pela forma como me ajudaram, pelos adeptos pela forma como me acarinharam e desejo as maiores felicidades a toda a gente, jogadores, staff que trabalhou comigo este ano. Desejo as maiores felicidades, que tenham muita sorte e sucesso nas suas vidas.

Da minha parte, sempre mostrei total abertura, total disponibilidade. Sacrifiquei a minha vida para abraçar este projeto e, depois de conquistarmos um sétimo lugar, é o que têm visto e têm lido. Da minha parte, e quem disser o contrário estará a mentir, estava o contrato fechado antes do jogo com o P. Ferreira e fiz questão de o dizer na conferência de imprensa. Para mim, mais do que uma assinatura vale a palavra. Os meus pais, humildes, foi isto que me ensinaram desde pequenino: ‘Filho, honra a tua palavra’. E eu honrei a minha palavra até hoje. A partir de hoje sou um treinador livre e que a 30 de junho termina o meu contrato com o Santa Clara. Obrigado aos Açores, aos açorianos, aos adeptos do Santa Clara, será sempre um até sempre.»