Pepe, em entrevista à FPF360, a revista da Federação Portuguesa de Futebol, analisa a sua carreira, fala do início de percurso e do melhor central com quem jogou...Mitchell Van der Gaag.

«O meu objetivo principal era fazer um jogo que os meus pais, no Brasil, pudessem ver na televisão. Foi isso que prometi à minha mãe quando saí e trabalhei sempre com esse foco. Estreei-me pela equipa profissional do Marítimo, faltavam quatro jogos para o final da Liga contra o Boavista, que era o campeão em título. Foi um sonho poder, nesse mesmo ano e que saí, proporcionar aos meus pais esse momento. Era sinal que valia a pena correr atrás dos meus objetivos de tornar-me futebolista profissional.»

 «Quando cheguei à Madeira tinha 18 anos, nem sequer sabia onde me estava a meter. Viram-me num treino, vim como contrapeso de outro jogador. Mas a forma como me receberam foi muito marcante. Mesmo em Lisboa, onde eu tinha sempre de passar sempre que ia ao Brasil, era muito bem tratado.O carinho que demonstravam fez com que fosse amadurecendo essa decisão de representar Portugal.»

[hesitou perante a possibilidade de representar o Brasil]
«Não, Nunca tive qualquer dúvida. Para os meus pais, principalmente para o meu pai, claro que teria sido importante representar o Brasil. Mas com o decorrer da minha carreira ele foi vendo que Portugal +e que me abriu as portas todas. (...) A minha felicidade estava em Portugal, gostava do país e das pessoas. Estava explicado.»

[Esteve no Sporting em 2002/03 à experiência]
«As coisas estavam acordadas. O período de experiência que o Sporting tinha pedido ao Marítimo estava a terminar e pelo que o treinador do Sporting, na altura [Laszlo Boloni], me disse eles queriam contratar-me. Já estava no ponto de procurar casa em Lisboa, mas depois o presidente do Marítimo ligou e disse-me que tinha um voo a determinada hora e tinha de regressar ao Funchal, porque que não tinham havido acordo. Claro que qualquer jogador queria representar o Sporting. Eu era um jovem e o Sporting era o clube que na altura lançava jogadores, mas estava tão bem no Marítimo, e o presidente passou-me tanta confiança, que na verdade nem vi o lado mau das coisas.

«Graças a Deus mais tarde fui parar ao FC Porto, que me deu a projeção necessária para poder, hoje, estar no Real Madrid.»

[melhor central com quem jogou]
«Mitchell Van der Gaag, no Marítimo. Aprendi muito com ele.»

[Com que treinador mais aprendeu?]
«Com o Nelo Vingada. Nelo Vingada foi-me sempre fazendo colocar as necessidades de futebolista à frente das outras.»

[para além da sua posição natural e de jogar no meio-campo, já fez outras posições?]
«Sim, segundo ponta de lança, lateral e ponta de lança. Com Byshovets, no Marítimo contra o Sp.Braga. O jogo todo! E marquei o golo! Não ganhávamos há muitos jogos fora de casa e ele não sabia mais o que fazer e pensou: «Vou meter o miúdo lá na frente. Porque uma coisa ele tem: trabalho. Ele vai correr, vaio dar trabalho aos centrais do Sp. Braga.» Não podíamos perder mais pontos, marquei e ganhámos.»

[em Portugal só jogava no FC Porto ou no Marítimo?]
«Nunca se sabe e nunca fecharia qualquer porta, mas claro que tenho um carinho muito grande pelo FC Porto e pelo Marítimo.»

[Conselhos a Casillas antes de vir para o FC Porto]
«Disse-lhe que ia para um clube de grande exigência e onde existe grande profissionalismo. Pela minha experiência de três anos sei que ele foi trabalhar com alguns dos maiores profissionais da área do futebol. Espero que ele possa ter sucesso num clube que me fez tão feliz e do qual eu sou um torcedor ferrenho.»

[Sobre Cristiano Ronaldo]
«É o melhor que podia existir no futebol. O amor que ele tem pela profissão fá-lo querer sempre mais. Pessoas assim são únicas, são abençoadas por Deus. Ele foi abençoado por Deus e soube transformar-se num dos maiores da história do futebol.»