Francisco Neto, selecionador nacional, acredita que Portugal pode, a par da Escócia, equilibrar o seu grupo no Europeu feminino e dificultar a tarefa da Inglaterra e da Espanha, favoritas à passagem aos quartos-de-final.

«Espanha e a Inglaterra são as equipas mais poderosas e com outra responsabilidade no grupo, mas com aquilo que tem sido o desenvolvimento de Portugal e também da Escócia, poderão equilibrar o grupo e torná-lo num dos mais fortes deste Euro», afirmou o técnico português numa entrevista à Lusa em que antecipa a «honra» e o «orgulho» que será a estreia com Portugal no Europeu.

Francisco Neto destaca também o trabalho feito até aqui: «Fomos a única equipa de pote 4 a conseguir o apuramento. Só por si só já é histórico, nunca nenhuma equipa de pote 4 tinha conseguido chegar a uma fase final, e a diferença de ranking é grande, mas cabe-nos a nós dentro de campo reduzir essa diferença», afirmou.

Neto perspetiva um Europeu «espetacular», assinalando que o desenvolvimento do futebol feminino tem sido «incrível» e que não se consegue encontrar apenas uma ou duas «candidatas».

O técnico luso espera uma prova decidida nos detalhes e muito competitiva: «Vai ser um Europeu definido nos pormenores, acho que vai ser extremamente competitivo e, sem dúvida nenhuma, a Espanha e a Inglaterra entram no lote das possíveis candidatas ao título. Da nossa parte, iremos fazer de tudo para que fiquem pelo caminho.»

A seleção nacional feminina fez o seu primeiro jogo em 1981, mas a afastamento das competições internacionais entre 1983 e 1993 foi, naturalmente, prejudicial: «Não há dúvidas, foram dez anos sem competições internacionais. Esse grupo de jogadoras não teve acesso a esse contexto internacional e como é lógico partimos um bocadinho em atraso.»

Francisco Neto considera que a competição internacional foi fundamental para a evolução e que foi a chave para o inédito apuramento do Europeu, explicando depois: «Se fizerem uma retrospetiva dos últimos quatro anos, Portugal, do top-25 do ranking, se calhar jogou contra 15 ou 16 neste período de tempo. Para crescer tivemos que expor as nossas jogadoras a um contexto competitivo temendo.»

O treinador sublinhou a evolução do futebol feminino no mundo inteiro, depois de um período em que os Estados Unidos e a Alemanha se apresentavam como as duas únicas potências mundiais. «O futebol feminino estava muito enraizado nos Estados Unidos e no norte da Europa, mas hoje em dia está espalhado pelo mundo todo, é um fenómeno já à escala mundial, é algo que cada vez mais tem visibilidade», rematou.

A seleção nacional feminina estreia-se no Europeu no dia 19 de julho, em Doentinchem, contra a Espanha. A prova, que decorre na Holanda, tem início no dia 16 e termina a seis de agosto.